Saída de Palocci não garante paz com o PMDB, que em 2014 lançará Requião contra Gleisi no Paraná

Andando de lado – Muito antes de ser sacramentada, a demissão de Antonio Palocci Filho era tratada pelo núcleo duro do governo de Dilma Rousseff como uma alternativa para melhorar as relações do Palácio do Planalto com o PMDB. Tudo porque o agora demitido Palocci fez ameaças ao PMDB através do vice-presidente da República, Michel Temer. O teor da conversa entre Temer e o então chefe da Casa Civil acabou vazando, o que irritou a neopetista Dilma.

Com Antonio Palocci fora do governo, engana-se que as relações com o PMDB tendem a melhorar. Em primeiro lugar porque o PMDB sonhava em indicar alguém da cúpula do partido para ocupar a vaga deixada pelo consultor Palocci Filho. A segunda razão para as relações entre o Planalto e o PMDB continue no conhecido azedume passa obrigatoriamente pelas eleições de 2012 e 2014.

Para o próximo ano, quando acontecem as eleições municipais em todo o País, o PMDB já se movimenta para lançar o deputado federal Gabriel Chalita (ex-PSB) como candidato à prefeitura de São Paulo. O PT também sonha com o trono paulistano, mas com Marta Suplicy ou Aloizio Mercadante como candidatos é uma tremenda ousadia sonhar com a vitória. A única saída para o PT voltar à prefeitura da capital dos paulistas seria lançar o ex-presidente Luiz Inácio da Silva como candidato, assunto que vem ganhando força nos bastidores da política da maior cidade brasileira. Do contrário, o PT terá de apoiar o candidato do PMDB, que também tem o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, de olho na vaga.

Mas o problema maior entre o PT palaciano e o PMDB ainda está por vir. A nova ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que foi convidada para substituir Palocci como retribuição ao palanque eleitoral que garantiu a Dilma Rousseff no Paraná, na recente corrida presidencial, é candidata natural do PT ao Palácio Iguaçu, sede do Executivo paranaense, em 2014. Acontece que o senador Roberto Requião, também do PMDB, que não morre de amores pelos petistas do Planalto, também quer voltar a governar o seu estado.

Em outras palavras, é uma enorme irresponsabilidade afirmar que é de ternura o clima entre o PT e o PMDB. Se Dilma Rousseff não resolver imediatamente a questão da articulação política do seu governo, que por enquanto está sob a responsabilidade do deputado federal licenciado Luiz Sérgio (PT-RJ), o relacionamento do governo com o Congresso Nacional deve piorar de forma considerável.