Dilma tenta endurecer o jogo com convite a Ideli Salvatti, mas plano pode acabar mal

Governo biruta– Os partidos que dão sustentação ao Palácio do Planalto na Câmara dos Deputados alegavam ser desnecessária a saída de Luiz Sérgio Nóbrega da Secretaria de Relações Institucionais, mas nos bastidores o PT trabalhava para indicar ao cargo o líder do governo na Casa, o petista Cândido Vaccarezza (SP). Na outra ponta do Congresso Nacional, os senadores petistas defendiam abertamente uma mudança na articulação política do governo, o que significa que a bancada petista gostaria que o novo ministro saísse do grupo.

Ao escolher Ideli Salvatti, a presidente Dilma Rousseff virou as costas para ambas as Casas legislativas e mandou um recado pouco palatável. Ela faz o que bem entende e quando quer. Situação que pode complicar ainda mais a relação dos palacianos com os parlamentares.

A nova articuladora política do Planalto disse aos jornalistas que “não promete Idelizinha paz e amor”, mas garantiu que está pronta para “negociar muito” com o Congresso. Na verdade, a primeira tarefa de Ideli Salvatti é reconstruir a relação com o próprio partido, o PT, cuja relação com o Palácio do Planalto não é das melhores. Saindo da seara petista e partindo para a base aliada, Ideli terá problemas sérios, a começar pelo PMDB.

A ex-senadora de Santa Catarina tem a favor o fato de ter comandado a operação de salvamento de Renan Calheiros no escândalo que teve a jornalista Mônica Veloso olho do furacão, e de José Sarney, no caso dos malfadados atos secretos. Contudo, Sarney e Renan não representam a totalidade dos interesses do PMDB. Mais submissos e flexíveis, os outros partidos da base trocaram apoio por cargos e favores.

Dona de temperamento forte e pouco diplomática no trato com as pessoas, Ideli foi escolhida para destilar no Congresso Nacional a destemperança de Dilma Rousseff, que nas coxias do poder dá o tom do governo petista. Fora isso, Ideli Salvatti desconhece por completo o significado da palavra negociação, algo que ficou absolutamente claro nos oito anos em que a petista esteve no Senado Federal. Em relação à oposição, o propósito do Planalto é sufocar o PSDB, o Democratas e o PPS.

A saída de Luiz Sérgio da Secretaria de Relações Institucionais e seu desembarque na Secretaria da Pesca, pasta que era comandada por Ideli Salvatti, é um indício de que o governo da presidente Dilma está à deriva. Tal cenário funcionará como acelerador do apetite dos partidos da base aliada. A continuar nessa toada autoritária, Dilma Rousseff não resistira ao próximo tropeço. (Foto: Editora Abril)