Pane seca – Ao assumir o comando do Ministério da Defesa logo após o acidente com o Airbus da TAM, o gaúcho Nelson Jobim (PMDB) disse com doses de certeza que em o governo de Luiz Inácio da Silva construiria um novo aeroporto na Grande São Paulo. À época, muito se falou sobre a região em que seria construído o novo aeroporto, o que fez com que os especuladores imobiliários entrassem em ação.
Desde então, nada foi feito em prol da construção do novo aeroporto, que aos poucos sumiu do discurso oficial. Até mesmo a então ministra Dilma Vana Rousseff, que comandava a Casa Civil, garantiu que a obra sairia em tempo recorde.
Como a crescente demanda por voos domésticos transformou os aeroportos brasileiros em palco contínuo do caos, a iniciativa privada se antecipou e desenvolveu um projeto para a construção de um novo aeródromo em Caieiras, cidade a 35 km da capital paulista. Sem participar do negócio, mas envolvido no projeto, o governo de São Paulo tenta agendar uma reunião com o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Carlos Pelegrino, para convencer os responsáveis sobre a necessidade da construção do novo aeroporto.
No núcleo do projeto estão as empresas aéreas TAM e Gol e as empreiteiras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Contra a obra estão a empresa Azul e a Infraero, estatal responsável pela administração dos aeroportos do País. Depois de anunciar a privatização de três dos principais aeroportos brasileiros (Guarulhos, Brasília e Viracopos), a presidente Dilma Rousseff está sendo forçada a rejeitar a proposta, pois os partidos aliados, e também o PT, sequer cogitam a hipótese de dar esse trunfo a um governo estadual de oposição, nesse caso o de São Paulo, que há décadas está nas mãos dos tucanos.
Em outra ponta da briga está outra empreiteira, a Odebrecht, que se aproxima cada vez mais da privatização do Aeroporto de Viracopos. No vácuo da construtora está a Azul, do empresário David Neeleman, que opera no aeroporto que atende a região de Campinas e parte do interior paulista.
Diante desse imbróglio não custa lembrar que Nelson Jobim, que garantiu a construção do novo aeroporto, não conseguiu emplacar depois de quatro anos outra de suas promessas. A de aumentar a distância entre as poltronas nos aviões.
Mesmo com quadro tão preocupante no setor da aviação civil, o então presidente Luiz Inácio da Silva achou por bem chamar de “idiota” o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, que por diversas vezes externou sua preocupação com o que pode acontece nos aeroportos verde-louros durante a Copa do Mundo de 2014.