Dilma cede à pressão dos aliados, prorroga pagamento de emendas e dá mostras de fraqueza política

Chutando para frente – Prorrogar o decreto que cancela o pagamento das emendas parlamentares de 2009 foi não apenas um recuo da presidente Dilma Vana Rousseff, mas uma prova de que a articulação política do governo federal está aos tropeços com as incursões da petista Ideli Salvatti, ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.

Conhecida nos tempos de Senado por atropelar os companheiros de parlamento, Ideli experimentou na quarta-feira (29) uma pequena dose do próprio veneno. Integrantes da base aliada ameaçaram uma rebelião, com promessa de dificultar as votações, caso o Palácio do Planalto não sinalizasse com a possibilidade de pagamento das emendas parlamentares, o que pode salvar a situação de muitos políticos em suas bases eleitorais.

Os chamados restos a pagar integram a herança maldita deixada à sucessora pelo messiânico Luiz Inácio da Silva, mas até agora, a exemplo do que acontece em relação à inflação, nenhum petista ousou acionar o megafone para vociferar contra aquele que certa vez disse, em tom de profecia, “nunca antes na história deste país”, bordão adotado para estocar os partidos de oposição.

O recuo palaciano, anunciado no começo da noite de ontem, não garante que as emendas parlamentares de 2009 serão pagas nos próximos três meses, quando novamente expirará o decreto em questão. Até lá, Dilma Rousseff e seus assessores terão tempo suficiente para acionar o escambo oficial, contemplando a volúpia por cargos de alguns líderes partidários, que serão incumbidos de aplacar os ânimos exaltados dos aliados.