Pedra no caminho – A participação do BNDES na fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour começa a merecer críticas de todos os lados, inclusive aliados do Palácio do Planalto. Completamente desinformada, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, declarou que não será utilizado dinheiro público no negócio e que a fusão independe do aval do governo, mas essa não é a realidade dos fatos. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), inclusive o BNDESPar, é um órgão estatal de fomento de negócios e desenvolvimento, como o próprio nome esclarece, e por isso terá dificuldades para participar dessa fusão que vem sendo largamente criticada desde o seu anúncio.
Com a fusão, logo de início ocorrerá a demissão de 8,2 mil trabalhadores, o que vai contra um dos objetivos do BNDES, que é o de prover o desenvolvimento social. Ademais. O BNDES recebe 40% do dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o que piora ainda mais a situação, pois não se pode utilizar tal verba para patrocinar um negócio que gerará demissões.
Como se não bastasse, a nova empresa que será criada a partir da fusão, Novo Pão de Açúcar, controlará 33% do setor varejista do País, o que certamente causará enormes prejuízos ao consumidor. Além disso, em algumas cidades brasileiras o monopólio será escandaloso, exigindo a intervenção das autoridades do Cade para evitar o vilipendio ao cidadão indefeso. De quebra, pequenos fornecedores das duas redes supermercadistas verão seus negócios minguarem, pois o agigantamento provocado pela fusão criará regras de fornecimento mais rígidas.
As centrais sindicais já se movimentam e acionaram seus representantes no Congresso Nacional, que prometem atrapalhar o negócio até o momento em que o Palácio do Planalto decida comandar uma negociação entre empresários e trabalhadores. Em outras palavras, a vida de Abílio Diniz promete não ser fácil nos próximos dias.