Marcha à ré – O recuo do BNDES da diante da eventual fusão Pão de Açúcar-Carrefour, negócio que tem em um dos corners o grupo francês Casino, mostra que a opinião pública pode mudar o rumo das decisões do governo central, que tenta impor ao povo brasileiro uma ditadura civil, nos moldes da implantada pelo tiranete Hugo Chávez na vizinha Venezuela.
Depois de anunciar investimento de R$ 3,9 bilhões no negócio supermercadista, cifra que pode chegar a R$ 4,5 bilhões, o BNDESPar anunciou que só entrará no negócio se os atuais sócios do Pão de Açúcar (leia-se Abílio Diniz e Groupe Casino) chegarem a um bom termo. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que na noite de segunda-feira (4) se reuniu com o CEO do Casino, atende às determinações do Palácio do Planalto, que deseja sair do imbróglio sem qualquer ferida.
A estratégia palaciana de encontrar um culpado pela inviabilidade do negócio já está valendo. Prova disso foi a declaração do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), na segunda-feira, que informou que o governo não mais comentará sobre o assunto, cuja decisão ficará restrita ao BNDES.
Vale destacar que não é a primeira vez que a família Diniz se vale de seus contatos governamentais para aumentar o patrimônio. É o caso da compra da Eletroradiobraz, rede de lojas de eletrodomésticos que surgiu no bairro do Brás, na região central da capital paulista. Em junho de 1976, a Eletroradiobraz passou para os domínios do Grupo Pão de Açúcar, que contou com a ajuda do governo federal. O negócio, que deu origem a uma rede de lojas que em São Paulo ficou conhecida como Jumbo-Eletro, foi financiado com dinheiro público. Na ocasião, o Palácio do Planalto ordenou ao Banco Central a liberação do dinheiro necessário para a aquisição, sendo que a concretização do negócio aconteceu no então BNDE (ainda não havia na sigla o “S” de social)
Concluído o negócio, a notícia foi veiculada pelos órgãos de imprensa, mas o regime ditatorial reinante na época impediu a indignação popular, que hoje se faz presente e pode inviabilizar a transação bilionária, que certamente só servirá para vilipendiar o dinheiro do trabalhador e engrossar o patrimônio de uma minoria endinheirada.