Não à prescrição – O Ministério Público Federal, com a pá de cal do procurador-geral da República, Roberto Rangel, aguarda que o Supremo Tribunal Federal evite a prescrição do crime de formação de quadrilha imputado aos 36 mensaleiros. Em agosto, o crime poderá prescrever. O procurador-geral da República, Roberto Rangel definiu os 36 mensaleiros que responderão por crime de formação de quadrilha entre muitos outros.
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) afirmou nesta sexta-feira (8) que foi confirmada a tese de que houve uma formação de quadrilha que comprou apoio no Congresso Nacional com dinheiro público. O senador tucano lembrou que a denúncia já havia feita pelo procurador anterior. “E depois da denúncia houve muita investigação. Foram anos de inquéritos de instrução processual. Testemunhas foram ouvidas. Provas foram apresentadas. E no final de tudo vem o parecer do procurador Gurgel. Houve realmente o crime do mensalão. Uma das coisas mais degradantes que aconteceram na política brasileira.
Para Nunes, a estratégia da defesa foi baseada em esticar o processo, arrolando dezenas, centenas de testemunhas. “Houve uma tática protelatória para se chegar à prescrição. Mas acredito que ouvindo a manifestação da defesa dentro do prazo que ela tem o Supremo se verá no dever de julgar o caso.”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2007 quis reduzir o mensalão à vala comum para “financiamento de campanha”, “caixa dois“. Os petistas seguirão esse diapasão e se transformou em coro, e continua até, hoje, inclusive. “A tese de que o mensalão era uma farsa (do presidente Lula), a readmissão do Delúbio nas fileiras do PT, como um grande injustiçado, tudo isso cai por terra. O mensalão aconteceu. Foi uma vergonha”, ressaltou.
Sobre as penas referentes ao mensaleiro José Dirceu, que chega a mais de 100 anos, o tucano avaliou ser muito pesada. Mas, “à altura da gravidade dos crimes”. Aloysio lembrou que foi uma das testemunhas no processo. Com relação ao argumento de que há uma investigação em curso, utilizada pelo ministro da Justiça, Nunes disse que não quer dizer nada. “O que há é investigação porque o crime era grave e a apuração de muitos dos crimes complexa. Exigia diligências, testemunhas documentos. Fica inequívoca a existência do crime.”
Questionado pela reportagem do ucho.info se o tempo é o senhor da razão, o senador repetiu: “O tempo é o senhor da razão.”
O líder do PT na Câmara, o deputado Paulo Teixeira (SP), entende que o procurador-geral está no seu papel e que não há novidade. “O parecer do procurado-geral Roberto Gurgel ele reforça e reafirma uma primeira acusação que foi feita em 2007. Não há fato novo. O único fato novo que existe é a exclusão do ex-ministro Luiz Gushiken do processo, por falta de provas, ou qualquer indício em relação a esse fato.” O fato de haver uma confirmação de que os 36 mensaleiros responderão pelos crimes em processo no STF não é novidade. Quem acreditava na impunidade está um tanto quanto bem mais preocupado com o destino dos companheiros mensaleiros.
“Nós respeitamos o trabalho do procurador-geral, porém a acusação de que havia de compra de votos nós não concordamos com ela. Aquele processo foi um processo relacionado a financiamento de campanha. Não era um processo relacionado a compra de votos no parlamento”, disse o líder o partido no mesmo diapasão do Lula.
Mesmo utilizando os mesmos argumentos do então presidente Lula, o petista se esforça bastante para justificar o comportamento de seus pares. “Não é possível se acusar um deputado do partido do presidente de vender o seu voto. O que havia ali era uma combinação de campanha relacionada ao financiamento de campanha. Relacionamento dos partidos políticos com débitos de campanha.”
O vice-líder do PSDB na Câmara, Fernando Francischini, delegado que no currículo tem a prisão do famoso traficante Juan Carlos Abadia, afirmou nesta sexta-feira, no Salão Verde da Câmara que o Ministério Público Federal faz a parte dele. O deputado lembrou com propriedade: “Agora nós esperamos que o Supremo Tribunal Federal coloque em pauta antes da prescrição do crime de formação de quadrilha”
“Esse é um caso exemplar que deve servir para todo o País que não se compra o Congresso Nacional e que o esquema de mensalão existiu aqui em Brasília”, destacou o delegado.
O vice-líder tucano, quando foi lembrado que o ministro da Justiça argumentou, nesta mesma sexta, que a polícia já está investigando há tempos. “Isso é uma estratégia do governo, com certeza. O Mensalão existiu, dinheiro público foi desviado, compraram o Congresso Nacional. Agora a gente quer que, como oposição, uma punição exemplar. Não é possível que a gente assiste. Nós precisamos de um choque de moralidade aqui em Brasília. Três ministros em três meses envolvidos em escândalos milionários. Até quando e quem vai ser o próximo ministro?”, questionou.
A expectativa de Franceschini é de que o MPF agora ajude o Supremo Tribunal Federal a pautar o julgamento. “Em agosto, nós temos supostamente a prescrição do crime de formação de quadrilha. Por isso da importância que esse julgamento ocorra e seja uma punição exemplar para todo o País”, finalizou.
O tempo é o senhor da razão, como disse o ex-presidente Fernando Collor. O tempo é o senhor da razão, diga-se, MAIS DO QUE NUNCA na história deste País. E a Justiça é cega!