Falou muito, disse pouco – O presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Eunício de Oliveira (PMDB-CE), com mais uma empresa envolvida em denúncia abrangendo contratos obscuros, desta vez no âmbito da Petrobras, disse que está longe de suas empresas desde 1998. “Em relação a matérias publicadas que envolvem o nosso nome, tudo o que eu tinha a dizer é que encontra-se naquelas notas. Desde 1998, quando resolvi entrar na vida pública, por uma questão ética eu era empresário profissional, gerente de empresa, diretor deempresas”, disse tentando expressar tranqüilidade.
A justificativa é a mesma de quando algumas empresas de Eunício, no setor de prestação de serviços de limpeza, transportes de valores entre outros, figuravam em denúncias relativas a contratos com empresas estatais.
“Eu me afastei de todos os meus negócios, oficialmente, conforme pode ser constatado pelas Juntas Comerciais. Portanto, eu não tenho nenhuma ingerência em empresa. Minha vida é hoje dedicada ao povo do meu estado ao meu País, a servir o meu País como senador da República e como deputado federal que fui até pouco tempo.”
O senador cearense, logo após iniciar a sessão da CCJ, pediu licença para prestar esclarecimentos acerca das denúncias envolvendo uma empresa a Manchester em contratos com a Petrobras, repetindo o que já havia dito à entrada da CCJ. “Os senhores me perdoem, mas eu me senti na obrigação de fazer esse informe aos senhores senadores antes de iniciar os trabalhos”, disse ao final das palavras de esclarecimentos, que nada esclareceram.
Ao ser perguntado com insistência por repórteres sobre a participação da Manchester, o parlamentar foi incisivo e ríspido: “Não existe denúncia contra mim. Existe denúncia contra a empresa”. Mas, “o senhor é dono de 50% da empresa?”, indagou um repórter quando o senador dava as costas e entrava na sala da CCJ para presidir a sessão.
O jornal “Estado de S. Paulo” revelou no domingo (10) que a Manchester, empresa do senador e ex-ministro Eunício Oliveira, assinou sem licitação contratos no valor de R$ 57 milhões com a Petrobras para atuar na Bacia de Campos. Documentos da estatal mostram que foram feitos, entre fevereiro de 2010 e junho de 2011, oito contratos consecutivos, sempre com prazos curtos, o que permite ‘dispensa de licitação’. A Manchester doou R$ 400 mil para a campanha de Eunício.