Joio e trigo – “Ética no DNIT, fora corruptos”. Essa era a frase em um adesivo fixado no peito de servidores públicos federais do órgão, que estiveram no Senado nesta quarta-feira (13). O movimento faz parte da programação da paralisação por um dia, que acontece em vários estados. Hoje pela manhã, aconteceu uma manifestação na porta da sede do Departamento em Brasília.
Os protestos teriam o objetivo de expressar “o repúdio à corrupção” no órgão do Ministério dos Transportes. Em documento distribuído entre os deputados, o texto trazia na primeira linha: “Os servidores públicos federais do DNIT – de todo o Brasil – não são corruptos.”
No documento, a informação pertinente é de que a ingerência política, segundo os servidores do órgão, acaba por ser danosa à gestão. “Os cargos de assessoramento e direção do DNIT são preenchidos por pessoas estranhas aos quadros de administração pública, sem concurso, por livre nomeação dos partidos que comandam o Ministério dos Transportes. Este “DNA” gerencial é sensível a várias enfermidades do caráter humano de todos os lugares e tempos; dentre eles, o mais danoso: a corrupção!”
“A apuração das irregularidades vão ficar a cargo da Câmara e do Senado”, disse o engenheiro concursado, Tenório Brito. Ele deixa claro que os servidores não compactuam com as falcatruas existentes. E que o foco da manifestação engloba melhores condições de trabalho, para que o órgão continue e funcionar. “Existem engenheiros que muitas vezes tem que fiscalizar cerca de cinco contratos. E que muitas vezes precisam varrer cerca de 900 quilômetros, fiscalizando os contratos e precisando estar em mais de um lugar ao mesmo tempo.”
Em 2001, a antigo DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagem) foi extinto para dar lugar ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura. Com a reestruturação, o número de servidores caiu de 8 mil para 5.600 e hoje conta com 2,6 mil. Mas o orçamento cresceu de R$ 2 bilhões para R$ 21 bilhões. Um único concurso público foi realizado em 2006, quando foram contratados 600 servidores.
O salário inicial de um engenheiro no DNIT é de R$ 8 mil brutos. Descontados os impostos e contribuições cai para R$ 6,8 mil. “O engenheiro, executor direto, muitas vezes, tem que atestar medição de cerca de R$ 2 milhões, R$ 3 milhões/mensais. Dizer que aqueles R$ 3 milhões foram aplicados corretamente. Que cada centavo daquele foi aplicado de forma correta. Com estrutura que temos hoje nós não temos condições de continuar trabalhando de forma satisfatória”, finaliza Tenório.