Pagot constrói casa de R$ 2,5 milhões em Cuiabá, enquanto Dilma Rousseff promete “limpeza” no DNIT

Tudo contaminado – O diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antônio Pagot, está construindo uma mansão de 615 metros quadrados em Cuiabá, capital do Mato Grosso. A obra tem três pavimentos, com três suítes, amplas salas de estar e de jantar e áreas de lazer, segundo informou o “MídiaNews”.

Depois de pronta, a mansão terá valor aproximado de R$ 2,5 milhões, segundo corretores consultados pelo site. Dos três pavimentos, o superior será o maior, com 267 metros quadrados. Os pavimentos inferiores terão, respectivamente, 186 e 158 metros quadrados. A Prefeitura de Cuiabá liberou o alvará de construção (nº 5511) em junho do ano passado. A obra está praticamente pronta, restando apenas a sempre custosa fase de acabamento.

Segundo Divaldo Souza, vizinho da obra e morador há 18 anos no local, Pagot acompanhava a obra pessoalmente sempre quando vinha a Cuiabá. “Mas, de uns tempos pra cá, ele sumiu. E a obra foi paralisada nesta semana. Acho que foi por causa desses escândalos todos do DNIT”, disse. Procurado pela reportagem em seus dois telefones celulares, Pagot não foi localizado. As ligações foram encaminhadas para a caixa de mensagens.

O jornalista Raul Rodrigues, de Alagoas, informou nesta quarta-feira que Dilma Rousseff encomendou um levantamento sobre as superintendências do DNIT nos 26 estados e no Distrito Federal. Quer conhecer o perfil dos superintendentes e deseja saber quem os indicou. Além disso, requisitou dados sobre a situação das obras, sobretudo as do PAC. Dilma teria decidido levar aos estados a “limpeza” iniciada por Brasília. Responsável pela infraestrutura terrestre do país, o DNIT tornou-se o principal foco de irregularidades no Ministério dos Transportes.

No Rio Grande do Norte, o Ministério Público Federal está preparando uma denúncia contra Gledson Maia, que atuava como diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) no Estado. Gledson foi um dos suspeitos presos durante a Operação Via Ápia, da Polícia Federal, deflagrada em novembro do ano passado, que investigou uma suposta fraude no DNIT.

Gledson é sobrinho do deputado federal João Maia (PR-RN) e do deputado distrital Agaciel Maia (PTC-DF). A investigação da Operação Via Ápia, que identificou uma quadrilha atuando em fraudes e superfaturamento de processos licitatórios no DNIT, resultou em um inquérito com mais de 20 volumes. Os documentos foram repassados agora para o procurador da República Ronaldo Pinheiro, que deve apresentar a denúncia à Justiça Federal.

No Mato Grosso do Sul foram identificadas obras com execução de serviços com qualidade deficiente, superfaturamento e inexistência ou inadequação de estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental da obra. A constatação foi feita por uma equipe de peritos da Controladoria-Geral da União (CGU) em seis obras de rodovias federais que cortam o Estado, em novembro do ano passado.

No Espírito Santo, o superintendente local do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), Halpher Luiggi, rebateu as acusações sobre a obra sem licitação para a complementação da Rodovia do Contorno, na BR 101. Segundo ele, o departamento fez, sim, licitação, mas nenhuma empresa apresentou proposta. Somente a Contractor, que acabou sendo contratada. Sobre o valor do contrato – R$ 66,8 milhões em um trecho de apenas 6,6 km – o superintendente justificou que a obra é cara porque é de alta qualidade e contempla a construção de nove viadutos.