Planalto busca agenda positiva para fugir da crise e Dilma decide receber ministros sem prestígio

Volta por cima – Há duas semanas, a presidente Dilma Rousseff decidiu defender os ministros que estariam em baixa na Esplanada dos Ministérios e na lista negra a partir de uma minirreforma ministerial. Na solenidade dos os 60 anos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a presidente lembrou os nomes dos renegados e disse que não concordava com as notícias. “Quero cumprimentar os ministros que estão sendo citados em notícias que o governo não concorda e que merecem os meus cumprimentos”.

A manifestação da presidente da República faz parte de uma estratégia para evitar novos problemas dentro do governo. Como já tínhamos publicado, a manobra de Dilma vem em tom de desabafo e para levantar o moral da própria administração.

É que desde segunda-feira (18), Dilma tem se reunido em palácio com os ministros que de janeiro até agora jamais foram recebidos em audiência. Na quarta-feira (20), por exemplo, foram recebidos Garibaldi Alves Filho, da Previdência Social, e Mário Negromonte, do Ministério das Cidades. A tarde desta quinta-feira (21) será recebido no Planalto o ministro do Turismo, Pedro Novais. Da lista negra faltam ser recebidos Ana de Hollanda, da Cultura, e Afonso Florence, do Desenvolvimento Agrário.

As viagens também integram a estratégia para espantar os problemas. Busca-se com isso uma agenda positiva para contrapor os problemas gerados especialmente com os sucessivos escândalos. Uma dessas viagens será feita na próxima segunda-feira (25) a Arapiraca. Dilma Rousseff irá à cidade do interior alagoano para divulgar o programa “Brasil sem Miséria”, atendendo a uma cobrança de políticos aliados.

O evento, organizado pelo tucano Teotônio Vilela Filho, reunirá os nove governadores do Nordeste, que assinarão o termo de compromisso com o programa de erradicação da miséria. Com essa viagem, a presidente foge da agenda negativa, em torno das denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes e no Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit), estratégia para mostrar que o governo está funcionando.

A “Agência Globo” lembra que o “Brasil sem Miséria” foi lançado no início de junho e tem como meta, até o fim do atual governo, tirar da extrema pobreza 16,2 milhões de pessoas, sendo que 59% desse total estão concentradas no Nordeste. Os governadores se comprometerão a adotar em seus estados ações para combater a pobreza, em parceria com o governo federal e as prefeituras municipais.

Em um segundo momento, a presidente deverá participar da assinatura de compromisso semelhante com os governadores do Sudeste. A região concentra 17% da população abaixo da linha da pobreza – cuja renda familiar por pessoa é inferior a R$ 70 mensais. O Norte tem o mesmo índice. Sul e Centro-Oeste concentram, respectivamente, 4% e 3% das pessoas miseráveis no País. A erradicação da extrema pobreza foi a principal promessa de campanha da presidente.