Planalto muda o tom do discurso moralista e acena com bandeira branca ao Partido da República

Abrindo a porta – O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou nesta quinta-feira (21), em Recife, que o PR pode indicar os sucessores dos servidores demitidos do Ministério dos Transportes. Desde que haja critério rigoroso para tanto. “Havendo indicação de pessoas tecnicamente preparadas, de conduta ilibada e que se adaptem ao estilo e modelo de trabalho da presidente Dilma, não vejo que possa haver qualquer tipo de restrição a qualquer partido”, disse o senador, enquanto aguardava a chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no aeroporto de Recife.

Para Humberto Costa as portas não estão fechadas ao partido do ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que renunciou depois de denúncias de um suposto esquema de cobrança de propinas em obras federais da pasta. “Do que eu tenho ouvido a presidente falar e os ministros dizerem, não vejo em nenhum momento atitude de discriminar ou afastar o PR”, destaca.

Quanto às reclamações dos representantes do partido em relação às demissões a “conta-gotas”, Costa afirmou que Dilma adotou uma postura válida para todos os partidos e que tem que ser coerente com os princípios de seu governo. “Por mais que possam surgir insatisfações localizadas, é algo (os ajustes) que precisa ser concluído”, frisou Costa.

A fala apaziguadora de Humberto Costa decorre de algum conselho recebido por Dilma Rousseff, que pegou carona na crise deflagrada pelos escândalos de corrupção no Ministério dos Transportes. Para quem conhece a mecânica do poder estava claro que o Partido da República não sairia desse episódio como patinho feio e com as mãos abanando. E se isso acontecesse, a artilharia seria pesada e insuportável.