Planalto convoca líderes e vice-líderes para acalmar a base aliada e definir as estratégias de agosto

Votações e escândalos – Quando esteve em Florianópolis, na última terça-feira (26), a ministra de Relações Institucionais da Presidência da República, Ideli Salvatti (PT), afirmou que não tinha “nenhuma palavrinha” a dizer sobre a crise no Ministério dos Transportes. Falava à imprensa, mas na reunião da próxima segunda-feira (1) com os líderes e vice-líderes da base governista não terá como fugir do tema.

A reunião foi convocada pela própria ministra para as 18 horas, no quarto andar do Palácio do Planalto. Antecipa a chegada dos parlamentares que encerram o recesso de inverno. A pauta do encontro não foi divulgada publicamente, mas além dos escândalos provocados pelas denúncias no Ministério dos Transportes o governo quer definir uma agenda mínima de votação para agosto.

A preocupação é criar mecanismos para evitar maiores sangramentos à administração Dilma Rousseff. Há receio pela briga de cargos no segundo e terceiro escalões. Nesta semana, assessores do Planalto deixaram escapar que as superintendências estaduais do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre continuarão a ser ocupadas por indicações políticas. Os cargos de diretoria do órgão, em Brasília, poderiam ser indicações técnicas.

Há pelo menos vinte novos cargos a serem ocupados depois do vendaval que sopra na Esplanada dos Ministérios desde o início de julho. A questão, no entanto, estará vinculada a outras nomeações ainda pendentes e que provocam disputas intestinas entre os dois principais partidos aliados, o PMDB e o PT.

Tranquilizar os aliados é também evitar constrangimentos com a convocação de aliados do governo no Congresso Nacional. A oposição já tem convites para ouvir o ministro de Minas e Energia, Édison Lobão, que terá de explicar o tráfico de influência na Agência Nacional de Petróleo (ANP). E pesam ainda as denúncias no Ministério dos Transportes e no DNIT.

“O afastamento do ex-ministro e outros 17 integrantes do ministério não pode encerrar o caso. O ministro Paulo Sérgio Passos ficou de fazer a faxina nos Transportes e é preciso saber se ele vai usar a vassoura para varrer a si mesmo”, disse no domingo o deputado tucano Duarte Nogueira, que insistirá com Sarney para convocar o ministro dos Transportes Paulo Sérgio Passos. “Há indícios grandes de que as irregularidades não foram sanadas e o ministro não convenceu de que não esteve envolvido”, frisou.

No último dia 20, o ucho.info publicou que a ministra de Relações Institucionais encaminhará já em agosto as primeiras propostas para a reforma tributária. A estratégia do governo prevê sugestões pontuais e fragmentadas. Ideli acredita, a exemplo de outras autoridades, que o segundo semestre será bem movimentado no Congresso Nacional.

A ministra também concorda que a redistribuição dos royalties da exploração do óleo cru na camada pré-sal será um tema complicado. Prefeitos e governadores pressionam para a derrubada do veto do ex-presidente Lula da Silva, enquanto os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo são a favor.