Voto de Jobim no tucano José Serra, em 2010, é fruto da democracia e não deveria causar tanta polêmica

Todos sabiam – A polêmica envolvendo o ministro Nelson Jobim, da Defesa, que afirmou ter votado no tucano José Serra na eleição presidencial de 2010, continua causando polêmica e falatório na Esplanada dos Ministérios. Com perfil diferente do antecessor, a neopetista Dilma não deve deixar o assunto passar em branco. Pelo menos é isso que dizem os políticos mais próximos à presidente.

Vivendo um período de ostracismo desde que foi mantido no cargo, a pedido do então presidente Luiz Inácio da Silva, o gaúcho Jobim há muito pensa em deixar a equipe de Dilma Rousseff e voltar para a advocacia. Nelson Jobim só não foi ejetado da pasta porque ele é o primeiro civil que conseguiu unir as Forças Armadas e conta com respeito dos respectivos comandantes. Como Dilma há muito vem procurando um atalho para se livrar do peemedebista, especialmente porque o projeto FX-2, de renovação da frota de caças da FAB, não foi bem digerido pela nova governante, Jobim pode ter apresentado à presidente uma saída.

Independentemente do que possa acontecer no rastro da declaração, o fato que marcou a semana que ora termina nada tem de novidade. Na seara política nove entre dez dos seus frequentadores sabem da longa amizade entre Jobim e José Serra. E nada há de errado ou estranho manter na equipe ministerial alguém que votou em um adversário da presidente. Até porque, quando venceu a corrida presidencial do ano passado, Dilma Rousseff fez questão de afirmar que governaria com todos os partidos, inclusive os da oposição. É verdade que tal afirmação não passou de diplomacia de ocasião, mas o ser humano normalmente é refém das próprias palavras.