Dedo-duro, não! – O ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR-AM), não adotará postura de “dedo duro” em seu pronunciamento marcado para terça-feira (2), na tribuna do Senado. Ponto por ponto, o ex-ministro pretende responder às denúncias que provocaram sua degola na maior crise do governo Dilma Rousseff, no Ministério dos Transportes, com 22 demissões até então.
De acordo com políticos próximos a Nascimento, apesar de tentar rebater as acusações e denúncias, o senador amazonense não pretende dar “uma de dedo-duro”. O ex-ministro deverá dar um tom suave ao seu discurso, esperado para esta terça-feira (2). Sem qualquer conotação de raiva, o ex-ministro explicará como tudo o que aconteceu. E ainda deverá colaborar para dirimir as suspeitas levantadas em seu suposto envolvimento em fraudes. Alfredo Nascimento antecipou-se encaminhando um requerimento à Procuradoria-Geral da República para que se inicie as investigações, bem como a autorização para quebra de seus sigilos bancário e fiscal.
Vale lembrar que no dia de seu afastamento do cargo, ele garantiu que se colocaria “à disposição de seus pares para participar ativa e pessoalmente de quaisquer procedimentos investigativos que venham a ser deflagrados naquela Casa para elucidar os fatos em tela”.
Com certeza, Nascimento tentará elucidar o suposto envolvimento de um filho no processo de enriquecimento ilícito utilizando tráfico de influência. O último tranco antes de sua queda. Mas também deverá convencer os senadores que não houve superfaturamento nos contratos de obras do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), segundo denúncias da revista Veja.
Alfredo Nascimento seguirá a mesma linha de raciocínio demonstrada em reunião com parlamentares em julho. Sustentou que na realidade aconteceu um aumento do número de obras programadas “para serem feitas e com o passar do tempo, o período da eleição, foram colocadas novas obras e novos viadutos dentro da mesma obra”.
Já para a Comissão
Entre outras convocações, o ex-ministro dos Transportes deverá comparecer à Comissão de Meio Ambiente Fiscalização e Controle do Senado. Além do ex-ministro, foram convocados a prestar esclarecimentos acerca de denúncias de superfaturamento envolvendo integrantes do DNIT dois dos seus ex-assessores, o ex-diretor do DNIT, Luiz Antônio Pagot, e o presidente afastado da Valec (estatal que cuida das ferrovias do País), José Francisco Neves — que também deixaram os cargos. Todos esses nomes pertencem ou são ligados ao Partido da República.
Os requerimentos para convidar os ilustres demitidos do governo Dilma são da lavra dos senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).