Ministro abusa do ufanismo ao apelar para a melhoria da competitividade dos produtos brasileiros

(Foto: Renato Araújo - ABr)
Papel carbono – Repetindo o que aconteceu na crise financeira de 2008, quando Luiz Inácio da Silva disse que a turbulência econômica fora patrocinada por louros de olhos azuis, as autoridades econômicas do governo de Dilma Rousseff destilaram nesta terça-feira (9) doses de genialidade insuportável.

Se na crise de 2008 o Brasil enfrentou as reticências do movimento que abalou diversas economias ao redor do planeta, isso se deveu à atitude irresponsável de Lula da Silva, que à época pediu para que os brasileiros mantivessem em alta o consumo interno, o que gerou índice recorde de endividamento das famílias, sem contar o preocupante nível de inadimplência. Agora, com Dilma Rousseff imitando o antecessor com a ressalva de que é preciso cautela, coube ao ministro Guido Mantega, da Fazenda, afirmar que o governo se empenhará para melhorar a competitividade dos produtos verde-louros no mercado internacional.

Trata-se de mais um discurso ufanista e mitômano, pois é sabido que a melhoria da competitividade dos produtos brasileiros depende muito mais do que um reles plano de incentivo à indústria local, o “Brasil Maior”, que é um verdadeiro balaio de dúvidas. Na verdade, a desoneração da folha de pagamento, como já alertaram os jornalistas do ucho.info, em nada ajudará nas exportações. Para que isso aconteça, o governo federal precisa deixar o discurso e partir para a ação, cobrando do Legislativo uma reforma tributária profunda. Fora isso, investir na infraestrutura é outro quesito importante para que os produtos fabricados no Brasil sejam competitivos em termos de preço em qualquer parte do planeta.

Na explanação que fez na Comissão Geral da Câmara dos Deputados, reunida no plenário da Casa para discutir a crise global, Mantega disse que as exportações brasileiras são responsáveis por apenas 13% do Produto Interno Bruto (PIB). Muito antes de anunciar soluções mirabolantes para o enfrentamento da crise que por aqui deve desembarcar em breve, o Palácio do Planalto deveria, sim, fazer algo para minimizar a concorrência covarde e predatória dos produtos importados, a começar pelos fabricados na China. Só depois desse movimento é que será possível pensar em algo que contemple o capítulo seguinte, mas que os palacianos querem antecipar, pelo menos no palavrório.

Há dias, o ucho.info conversou com empresários do setor de confecção, um dos mais afetados pela enxurrada de produtos chineses no mercado nacional. As grandes redes de lojas e magazines, mesmo depois do anúncio do “Brasil Maior”, decidiram manter na Ásia seus compradores e representantes, cuja tarefa é garimpar fabricantes qualificados que atendam o padrão de exigência do consumidor brasileiro.

Os discursos disparados a partir do Palácio do Planalto são, como sempre, recheados de “economês”, o que dá aos ouvintes a falsa sensação de que todos estão empenhados na busca de uma solução para a crise. Por sorte, mas não por obra e graça de Lula da Silva, o Brasil tem US$ 347 bilhões em reservas.