Blindagem criada para Negromonte funciona na Câmara e ministro arranca aplausos de governistas

Chapa branca – Além de mobilizar a base do governo, o ministro das Cidades, deputado licenciado Mário Negromonte (PP-BA), conseguiu o que seria impossível há alguns dias. A bancada do seu partido esteve em peso na Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara. Negromonte foi à Câmara dos Deputados dar explicações sobre acusações entre a sua pasta, que seria uma fonte de irrigação partidária nas eleições do ano passado. O ministro falou pouco, disse que explicou tudo e saiu aplaudido.

Mário Negromonte aproveitou para defender o ex-deputado federal Leodegar Tiskoski, de Santa Catarina. Secretário nacional de Saneamento, Tiskoski gerencia um orçamento de cerca de R$ 20 bilhões. Contra ele a revista “IstoÉ” sugeriu tráfico de influência, pois não teria se afastado da tesouraria da executiva nacional do Partido Progressista.

Haveria conflito de interesses, pois empresas com contratos com o Ministério das Cidades fizeram doações ocultas a candidatos do partido, entre eles, o próprio Negromonte. “As minhas estão no site do TSE e as contas prestadas ao Tribunal Superior Eleitoral”, garantiu.

A participação sem questionamentos de Mário Negromonte na audiência pública faz parte de pauta orquestrada pelo Palácio do Planalto. Os ministros acusados estão sendo chamados ao Congresso Nacional, mas chegam com a blindagem da ampla base governista, que prefere evitar o sangramento do governo e, portanto, dos seus próprios interesses.

No caso do Partido Progressista, a simpatia repentina se espelha no exemplo do PMDB. Os progressistas decidiram aparar arestas na última semana para dar apoio ao único ministro no governo Dilma Rousseff. O consenso é melhor para dar um grau de unidade e demonstrar forças até mesmo para o Planalto.

O ministro na entrevista aos jornalistas fez questão de evitar qualquer dúvida em relação à presidente e seus auxiliares mais próximos. Afirmou categórico que as denúncias contra o Ministério das Cidades não partiram de gabinetes próximos à presidente. “É um ministério cobiçado”, resume. E acrescentou: “Essa intriga eu não aceito”.

Negromonte fez um relato sobre como funciona o Ministério das Cidades no tocante à gestão dos recursos públicos. “O ministério das cidades, muita gente desconhece, não licita e não tem contrato com empreiteiras”. Sobre o loteamento dos cargos, o ministro destacou que de 1.060 cargos que existem no ministério das Cidades, “nós apenas indicamos 34. Um percentual abaixo de 4%”.