Prisões no Turismo suspendem votações na Câmara e provocam rebeldia na bancada do PT

(*) Carlos Augusto, especial para o ucho.info –

Vinte e quatro horas após a Polícia Federal ter efetuado dezenas de prisões de pessoas vinculadas ao ministério do Turismo (inclusive o secretário-executivo, Frederico Silva da Costa, o segundo na hierarquia ministerial) em operação batizada pelos policiais de “Voucher”, os partidos aliados mais próximos ao Palácio do Planalto começaram a emitir sinais de que unidade política pode ruir.

No início da tarde desta quarta-feira (10), o líder do Governo na Câmara , Cândido Vacarezza (PT-SP), não escondia sua irritação com as ações da PF que atingiram a princesa do PT, Marta Suplicy: seu ex-chefe de gabinete, Mário Moyses, foi algemado juntamente com outras três dúzias de figuras que inauguraram um cinturão-algema vexatório: “Não há clima para votação alguma …a base está em obstrução”.

Mário Moyses foi indiciado por formação de quadrilha e estelionato, em decisão ratificada pelo juiz Anselmo Gonçalves da Silva, que deixou o caso. Segundo a coluna “Radar”, Anselmo afirma que Moyses agiu em “conluio” com Frederico Costa da Silva, número 2 do Ministério do Turismo, e Luiz Gustavo Machado, diretor-executivo do Ibrasi, a entidade envolvida no esquema.

Para o pernambucano Roberto Freire, deputado federal pelo PPS de São Paulo, “o Brasil já é o país onde mais ministros são acusados de corrupção e agora passa a ser o único país onde a base do governo trabalha contra o governo. Onde já se viu isso? Aonde esses líderes aprenderam a fazer política? No Nordeste não foi… muito menos em São Paulo”, afirma com a convicção de quem carrega mais de trinta anos de mandato parlamentar.

O líder do PR, Lincoln Portela (MG), partido que anda às turras com o PT desde que Alfredo Nascimento, senador pelo Amazonas, foi empurrado janela abaixo do Ministério dos Transportes diante da devassidão apontada pela mídia em vários órgãos, foi irônico e sagaz ao comentar sobre a obstrução.

“Todo processo legislativo é válido e se a obstrução é regimental ela também é válida”, disse Portela, apressando-se em seguir para a reunião de líderes no meio da tarde, que prenuncia dias difíceis para o governo Dilma, que agora tem de administrar os solavancos da economia mundial e os tremores causados pelos escândalos em série, desde que tomou posse no dia 1º de janeiro deste ano.