Blindagem oficial – O ministro Wagner Rossi (PMDB) voltou a negar qualquer envolvimento nas várias denúncias que comprometem a sua administração no Ministério da Agricultura. No depoimento que presta neste momento na Comissão da Agricultura do Senado Federal, Rossi está sendo protegido pela ampla bancada do governo, a começar pelos parlamentares do Partido dos Trabalhadores e do PMDB.
Um dos autores do requerimento que formalizou o convite à audiência pública, o senador Humberto Costa (PT-PE) chegou a dizer que não tinha perguntas a fazer. A atitude soou no mínimo estranha diante das acusações publicadas na imprensa e pela história de combate à corrupção do partido do líder da bancada.
O ministro fez uma longa apresentação das atividades do ministério e praticamente repetiu o que já tinha dito na semana passada durante audiência na Câmara dos Deputados. Na ocasião, disse que as denúncias feitas pelo irmão do senador Romero Jucá (PMDB-RR), Oscar Jucá Neto, eram fruto de rancor e vingança pela perda do emprego. Jucá Neto foi diretor da Conab e acabou demitido por Rossi.
Na segunda-feira (8), no entanto, Wagner Rossi afirmou que as denúncias contra o Ministério da Agricultura eram provocadas por grupos políticos adversários. Questionado pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR) sobre essas declarações, o ministro simplesmente não respondeu.
Disse que não tinha ódio contra o “senhor Jucá Neto” e que não iria processá-lo por envolvê-lo nas denúncias. Afirmou também que não poderia ter responsabilidade sobre a portaria, referindo-se à presença constante no Ministério do lobista Júlio Fróes. Ele teria sido inclusive condenado por tráfico de cocaína.
Este personagem seria o operador por receber propina em contratos administrativos assinados na pasta. As denúncias publicadas na revista “Veja” dessa semana, provocaram inclusive a demissão do secretário-executivo do Ministério, Milton Ortolan. O número dois, na opinião de Wagner Rossi, seria de uma “ingenuidade absoluta”, porque não “deveria ter conversado com pessoas não qualificadas”.
Wagner Rossi garantiu que “eu fiz o meu melhor, não cometi nenhuma ilegalidade”. A frase dita por conta de respostas aos questionamentos do senador Alvaro Dias, se encaixaram no exagero do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC).
Ele chegou a comparar o calvário do ex-deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) com o de Rossi. Como se sabe, Ibsen foi alijado da vida pública durante uma década por conta de denúncias vazias, que lhe tiraram inclusive a possibilidade de concorrer à Presidência da República.