Operários fazem paralisação no dia em que Dilma Rousseff inaugura instalações do Porto de Pecém

Lauriberto Braga, da Política Real –

Sem um acordo com o governo do estado e a Cearaportos, que atendesse às reivindicações de segurança nas instalações e procedimentos no Porto do Pecém, trabalhadores de sete categorias, fizeram nova paralisação naquela unidade portuária. O evento coincide com a passagem da presidenta Dilma Rousseff (PT) e comitiva, recepcionados pelo governador Cid Gomes (PSB).

A presidenta inaugurou o Terminal de Múltiplas Utilidades (TMUT) e a instalação da Correia Transportadora no Porto do Pecém. Ao mesmo tempo, oficializou o início dos serviços de terraplenagem da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).

Ao inaugurar novas instalações no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que o projeto cearense – que, futuramente, também abrigará uma companhia siderúrgica – é estratégico para o Nordeste. A presidenta Dilma disse, ainda, que o empreendimento quebra o antigo preconceito de que “o Nordeste tinha que se conformar em ser o que era”.

“Esse Complexo Industrial e Portuário do Pecém é, na verdade, um grande desafio dos habitantes desse estado, um desafio contra uma ideia forte que prevaleceu no Brasil: que o Nordeste não podia ter siderúrgica nem indústria pesada, que tinha que se conformar em ser o que era. (…) O que vemos hoje aqui é a vitória contra o pensamento do atraso que não só prendia o Nordeste, mas o Brasil todo”, disse a presidenta.

Mas nem tudo são flores no terminal. “A prova é que os acidentes continuam a acontecer”, diz um dos líderes do movimento. Segundo ele, nos três últimos meses ocorreram mais dois. Num deles uma empilhadeira de contêiner tombou e por pouco não se transformou numa tragédia. Em outro episódio um cabo de aço se partiu atingindo o capacete de um trabalhador. Felizmente, não houve vitimas fatais. “O problema é que a imprensa só divulga os casos com óbitos”, lamenta.

Para os manifestantes, o momento é de chamar atenção para os problemas no porto, já que todas as tentativas de serem ouvidos pelo governo e os gestores da Cearaportos foram em vão. O máximo que conseguiram foi um encontro com o secretário de Infraestrutura, Adail Fontenele, que se resumiu na promessa de um novo encontro marcado para 6 de outubro.

A paralisação do início de maio deixou um prejuízo de R$ 250 mil à Cearaportos em apenas um dia. Se o cenário atual não mudar, a possibilidade de uma greve geral não está descartada. Dessa vez o prejuízo seria ainda maior pela proximidade das safras de frutas, um dos principais produtos escoados pelo porto.