Deputada federal do Amapá, autora da emenda de R$ 4 milhões, é acusada de receber R$ 500 mil

Parlamentar suspeita – Não tardou a surgir uma acusação de envolvimento de um parlamentar suspeito de participar no escândalo de desvio de recursos públicos no Ministério do Turismo. Três depoimentos de suspeitos presos “Operação Voucher”, da Policia Federal, acusam a deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP), autora da emenda de R$ 4 milhões para contratos de capacitação para o Estado do Amapá, de ter recebido R$ 500 mil no esquema de corrupção. A deputada nega que tenha se beneficiado e afirmou que processará os autores dos depoimentos. A PF, em entrevista coletiva, disse que não havia investigação em curso de deputados ou senadores no dia em que deflagrou a operação. Ao que parece, a partir das denúncias contra a deputada o rumo das investigações conta com uma nova suspeita.

Para o Ministério Público, a empresa contratada para a capacitação, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), não tinha competência para executar a prestação de serviço e subcontratou empresas de fachada, entre elas a Conectur. Por incrível que pareça nem chegou a treinar pessoas.

“Acreditamos que a função dessa Conectur era justamente e simplesmente se fingir e atuar como fachada. Conseguimos constatar um verdadeiro esquema que envolvia a cúpula do ministério e funcionários subalternos. Todos eles trabalhavam para viabilizar e trabalhavam nos interesses das empresas conveniadas”, afirmou o procurador do Ministério Público Federal, Celso Leal.

Em um dos depoimentos à Polícia Federal, David Lorran Teixeira, sobrinho do diretor da Conectur, Wladimir Furtado, afirmou que o “tio falou que a deputada Fátima Pelaes iria liberar para a Conectur R$ 2,5 milhões de recursos federais” para “divulgação do turismo no estado do Amapá” e que “seu tio falava que ganharia 10% do total e que a deputada Fátima Pelaes ficaria com aproximadamente R$ 500 mil”.

Errolflyn Paixão, vice-diretor da Conectur, em depoimento à polícia sustentou que Wladimir “chegou a dizer que o dinheiro seria devolvido à deputada”. Já o diretor da Conectur, Wladimir Furtado, afirmou em depoimento que “nunca entregou nenhum dinheiro para deputada Fátima Pelaes ou para alguém que a representasse”.

Por meio de nota, a deputada Fátima Pelaes negou participação em qualquer esquema de fraude. Disse que não recebeu recursos das empresas, que os depoimentos são calúnias e que vai abrir os sigilos telefônico, bancário e fiscal.

Todas essas denúncias que atingem partidos aliados do governo paralisaram as votações na Câmara dos Deputados. O governo se movimenta para iniciar liberação de recursos previstos em emendas parlamentares. A ministra de Relações Institucionais divulga um cronograma de liberação de verbas para emendas para tentar distensionar as relações com a base aliada do governo. A ordem é colocar água na fervura.