De acordo com o deputado mineiro, que conversou com o jornalista Gilmar Corrêa, editor-adjunto do ucho.info, a saída da base aliada representa uma “recomposição com o próprio partido”. Perguntado se o partido não sairia perdendo ao abrir de todos os cargos na máquina federal, Lincoln Portela foi rápido ao rebater: “se perde agora para se ganhar depois”. Trata-se de uma mensagem cifrada ao Palácio do Planalto, pois o PR deixa aberta a possibilidade de negociação futura, caso o assunto seja do interesse do governo. Segundo o líder do PR, o “partido vai caminhar com suas próprias forças”.
Ao buscar explicações para a debandada do PR, Lincoln Portela disse que durante a era FHC o PR esteve na oposição durante sete anos e meio. O deputado lembrou que não indicou qualquer pessoa para o Ministério dos Transportes, DNIT e Valec.
Na Câmara os deputados estão fechados com a decisão de o PR deixar a base aliada, situação que não se repete no Senado Federal, onde o senador Clésio Andrade (MG) alerta para o fato de o partido não ter vocação para ser oposição. Por sua vez, os senadores Alfredo Nascimento (AM) e Blairo Maggi (MT) defendem a saída do PR da base aliada e a entrega de todos os cargos à presidente Dilma Rousseff. O impasse surgiu depois de duas reuniões distintas com representantes do Partido da República: a da executiva nacional e das lideranças no Congresso Nacional.
Com essa baixa, a presidente Dilma Rousseff terá de adotar cautela extra, pois o PR deve votar a favor da PEC 300, que cria um piso salarial nacional para policiais e bombeiros, e da Emenda 29, que aumenta os gastos na área da Saúde. No atual momento, de expectativa em relação aos desdobramentos da crise econômica global, gastos adicionais é o único assunto que os palacianos não querem ouvir. Em outras palavras, o troco do Partido da República está pronto e a caminho.