Materialização do abuso – Dilma Rousseff e seu mentor eleitoral, o abusado Luiz Inácio da Silva, devem decidir em breve o nome do candidato do PT à presidência em 2014. Foi essa a declaração do ministro Paulo Bernardo da Silva, das Comunicações, ao jornalista Fernando Rodrigues, da “Folha de S. Paulo”. Em outras palavras, Dilma, oito meses depois de assumir o poder, terá de sentar à mesa para discutir a sucessão presidencial com alguém que lhe deixou de presente uma incontestável herança maldita, marcada pela resistência da inflação e escândalos de corrupção dos mais variados.
De personalidade histriônica, Lula não se contenta em ficar à margem do poder, como faz a maioria dos ex-presidentes. Situação coloca em xeque a garantia de continuidade que foi creditada à vitória de Dilma Rousseff nas urnas eleitorais de 2010.
Às voltas com as consequências da crise econômica global e os casos de corrupção que geram instabilidade política em todas as direções e coloca em risco a manutenção da chamada base aliada, Dilma terá, de agora em diante, de governar com os olhos voltados para 2014, pois caso queira tentar a reeleição será obrigada a enfrentar a peçonha do “companheiro” Lula, que circula pelo Brasil como se a batuta maior ainda lhe pertencesse. Sem respeitar a sua sucessora, o ex-presidente chama para si o direito de discutir com lideranças políticas assuntos que deveriam ser exclusivos da Presidência.
Desmedido em suas atitudes, Lula tomou gosto pelo poder – e suas benesses – e presta um desserviço ao País ao planejar prematuramente a sua volta ao Palácio do Planalto. Megalômano, o projeto político do ex-metalúrgico, que está em franca e desavergonhada campanha, conta com a eficácia do fogo amigo para desgastar fisicamente a neopetista Dilma Rousseff, que a essa altura pode estar se questionando sobre a decisão de aceitar o convite para participar da corrida presidencial do ano passado.
Nesse cenário em que a disputa pelo poder é o pano de fundo, a sordidez impera de maneira assustadora, pois tudo vale nesse processo em que lealdade é facilmente traduzida por leviandade. Dilma, que recentemente se curou de um câncer linfático, não é a mais a mesma pessoa de então, assim como acontece com qualquer paciente que enfrenta esse mal. E comandar um país com tantas mazelas e carências, tendo um inimigo no encalço, não é tarefa das mais fáceis e suaves.