FHC repete o mesmo erro do passado e diz que PSDB deve desistir de criar CPI para investigar corrupção

(Foto: AFP)
Tudo outra vez – Chegar à presidência de um país com dimensões continentais como o Brasil não é tarefa para ingênuos. Ser reeleito para o cargo é para poucos. Como tal, Fernando Henrique Cardoso deve saber o que fala. Do contrário, é possível pensar que há no País um séquito de pessoas que o seguem de maneira de cega e obtusa.

Com a sucessão presidencial sendo discutida com mais de três anos de antecedência, FHC decidiu entrar em cena e jogar águia fria na fervura que os partidos de oposição (PSDB, Democratas e PPS) tentam manter em ebulição. Há muito sem saber como se manter no cenário político, os oposicionistas insistem na tese de que a corrupção que domina a Esplanada dos Ministérios merece uma CPI. A primeira tentativa falhou por pressão palaciana, mas a segunda incursão deve fracassar sem nenhum tipo de ingerência do Planalto.

Diante da possibilidade de fracasso, o ex-presidente Fernando Henrique, prevendo um desgaste político maior para o PSDB, principalmente, sugeriu aos companheiros de partido que desistam da criação da uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar os recentes escândalos de corrupção. Há dias, FHC foi escalado para, ao lado do governador Geraldo Alckmin, receber a presidente Dilma Rousseff no Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista. Na ocasião, o ex-presidente fez elogios à neopetista Dilma, que esteve em São Paulo para uma reunião com os governadores do Sudeste.

É fato que o Brasil precisa de oposição republicana, mas o PSDB, como líder da oposição, não pode usar o discurso da governabilidade para permitir que denúncias de corrupção sejam varridas para debaixo do tapete. À época da CPI dos Correios, quando o marqueteiro Duda Mendonça confessou ter recebido parte dos honorários pela campanha de Lula em paraíso fiscal, a oposição teve a grande chance de ejetar o ex-metalúrgico do poder. Ecléticos de donos de soberba conhecida, os oposicionistas invocaram a tal da governabilidade, apostando na derrota de Lula em 2006.

Lula se reelegeu, fez a sucessora, planeja voltar ao poder e a oposição continua perdida. Em outras palavras, os partidos que fazem oposição ao governo petista estão perdendo nova chance de decretar o fim do projeto político que caminha na direção de uma ditadura civil. Do contrário, resta concluir que o PSDB teme que as investigações revelem algo proibido ou, então, adotou a estratégia de fortalecer Dilma Rousseff para enfraquecer Luiz Inácio da Silva.