Muammar Al-Khaddafi não resiste à pressão dos oposicionistas, foge de Trípoli e vê os filhos serem presos

Fim da peça – Na última sexta-feira (19), quando uma discussão ideológica contrapôs funcionários da embaixada da Líbia em Brasília, obrigando a intervenção policial e de representantes do Itamaraty, o fim da ditadura do coronel Muammar Al-Khaddafi estava perto do fim. Até porque, divergências na mesma representação diplomática traduzem um clima de instabilidade política no respectivo país. Alvejado pela “primavera Árabe”, movimento que apeou do poder alguns ditadores do mundo árabe, Al-Khaddafi não resistiu à pressão oposicionista, apesar de ter passado o domingo pedindo aos aliados a resistência e o enfrentamento armado.

Na manhã desta segunda-feira (22), madrugada no Brasil, os rebeldes dominaram a capital Trípoli e enfrentaram a guarda de Muammar Al-Khaddafi nas cercanias do palácio que durante décadas serviu de moradia para o ditador. De acordo com informações divulgadas pela imprensa, mas não confirmadas, Al-Khaddafi teria fugido para o Chade ou Argélia. Três dos seus filhos foram presos, sendo que um deles será julgado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra. A União Africana já negocia com diversos líderes locais um exílio para o ex-ditador líbio.

Com a derrubada do regime de Muammar Al-Khaddafi, a força militar formada pelos Estados Unidos, França e Reino Unido manda um recado aos ditadores que ainda resistem no mundo árabe. Fora isso, a libertação da Líbia, que pode entrar em um período de desmandos, atende a interesses múltiplos de muitos países que integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a OTAN.

Além da privilegiada posição geográfica (é banhada pelo Mar Mediterrâneo), a Líbia tem riquezas naturais, como o petróleo. De tal modo, faz-se necessário que autoridades e organismos internacionais monitorem o processo democratização da Líbia, para que não ocorra no país africano o que aconteceu no Iraque, cujo petróleo foi pilhado por empresas dos países que participaram da covarde e sangrenta guerra, cujo ápice foi o fim da ditadura comandada por Saddam Hussein.