Regabofe político no Palácio do Jaburu para acalmar os ânimos dos parlamentares do PMDB

Fogo cruzado – O convite foi transmitido a todos os 20 senadores e 79 deputados peemedebistas, mas o jantar de logo mais à noite, com o vice-presidente Michel Temer, não deve contar com todos os parlamentares. O encontro gastronômico no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência, é uma tentativa de acalmar os ânimos nas duas bancadas, cujo racha poderá provocar consequências ainda não contabilizadas.

A iniciativa é do próprio Michel Temer, presidente licenciado da executiva nacional, que vê problemas principalmente na bancada da Câmara. O motivo principal é a ascensão e influência de Eduardo Cunha (RJ), deputado fluminense que para os adversários é o verdadeiro líder. Cunha seria uma espécie de iminência parda que manipularia interesses partidários para apenas um grupo e que usaria o seu colega, Henrique Eduardo Alves (RN), o líder de direito que tem pretensões de presidir a Câmara dos Deputados.

O ponto da discórdia foi a indicação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a vaga de relator da Comissão Especial do novo Código de Processo Civil. As divergências começaram bem antes, com a ascensão de um grupo que tem entre seus integrantes o deputado Lúcio Vieira Lima (BA), irmão do ex-ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima.

Na lista de descontentes, que contaria com 35 nomes, está o deputado Danilo Forte (CE), que teria se oferecido para assumir o Ministério do Turismo, no lugar do deputado licenciado Pedro Novais (MA). A indicação de Novais foi obra de Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, ratificada pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Lúcio Vieira Lima tem feito encontros gastronômicos semanais com os parlamentares novatos. A estratégia seria uma ideia de Geddel Vieira, que tem trabalhado por fora para esvaziar a autoridade de Henrique Eduardo Alves.

No Senado Federal, oito senadores não acompanham a cartilha do líder Renan Calheiros (AL). O ruído na Câmara Alta é menos perceptível, mas igualmente perigoso para uma agremiação dividida e com fama de fisiológica. O grupo dissidente estaria aguardando o momento certo para fazer valer seus votos.

Na posse do novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro (RS), na manhã desta terça-feira (23), parte das duas bancadas esteve presente. O prestígio foi para demonstrar força em território dominado pelo Partido dos Trabalhadores. No Palácio do Planalto, os peemedebistas fizeram questão de jogar panos quentes na situação crítica do ministro do Turismo, Pedro Novais.

É um discurso parecido com que repetiu a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT). Para ela, Novais continua ministro enquanto a presidente Dilma Rousseff quiser e a saúde dele permitir. Em todo caso Ideli, melhor seria se tudo estivesse em paz. Como cuida das relações do Palácio com o Parlamento, a ministra garante que haverá votações nesta semana nas duas Casas Legislativas, apesar da crise partidária.