A Aliança do Ocidente promete intensificar durante a noite os ataques aéreos aos possíveis esconderijos de Muammar Al-Khaddafi, enquanto sob a luz do dia a oposição conquista cada vez mais posições. Quem acompanha a revolução que chacoalha a Líbia não demora a decifrar nos rostos que se mesclam expressões que traduzem o desejo da liberdade, palavra que nos últimos quarenta e dois anos foi arrancada do vocabulário local.
Com pouco mais de 6 milhões de habitantes, a Líbia é um conjunto conturbado de tribos, as quais convivem sob um regime que confunde socialismo com despotismo. Esse binômio utópico faz com que muitos países que vivem sob o mesmo regime defendam a permanência de Muammar Al-Khaddafi no poder.
O governo brasileiro, que até agora não sabe se apoia os rebeldes, vem consultando os chefes de outras nações para decidir o que fazer. Uma situação vexatória para uma nação cujos ocupantes do poder falam em democracia e liberdade, não sem antes ser vergonhoso quando se trata de uma nação cujos diplomatas circulam pelo planeta a bordo de soberba e lampejos de genialidade duvidosa. Só mesmo a incompetência que afeta alguns frequentadores do Itamaraty é capaz de tirar do foco da lógica a necessidade imediata de restabelecimento da democracia, anseio estampado no rosto de cada líbio. Essa demora do governo brasileiro é um fiasco sem proporções.