Meta de superávit primário foi elevada em R$ 10 bilhões para 2011, diz Guido Mantega

Juro em alta – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta segunda-feira (29) que a meta do superávit primário será de R$ 10 bilhões a mais que a estimada para 2011. O esforço fiscal ultrapassará de R$ 117,8 bilhões para R$ 127,8 bilhões, que significa aumento de 8,5%. A informação foi divulgada após reunião entre presidentes das centrais sindicais, o ministro e a presidente Dilma Rousseff, no final da manhã.

Mantega afirmou que a alteração visa preparar melhor o Brasil para a crise internacional. Mesmo com a situação “favorável” do País em comparação a dos Estados Unidos e a de países da Europa, para Mantega não se pode deixar de reforçar o cenário fiscal brasileiro para evitar uma desaceleração da economia, conforme ocorreu na crise de 2008. A cantilena de Mantega continua a tecer loas à saúde da economia brasileira.

“O Brasil está sólido, tem mais reservas que 2008, as empresas estão mais capitalizadas que 2008, os bancos estão sólidos, estamos preparados para a crise, mas nunca se sabe o que vem. Se vier uma situação pior para a economia brasileira, o Banco Central estará em condições de agir com medidas monetárias mais expansionistas, caso haja agravamento da crise. Vamos gastar menos no fiscal e ter política monetária, caso isto venha a ocorrer (piora da crise). Tomara que não ocorra, não acredito nisso”, estimou.

Segundo ele, a medida é possível pelo aumento da arrecadação no ano, que cresceu a olhos vistos. Obteve em julho R$ 66 bilhões, que representa 81% da meta anterior. O aumento da meta atingirá o esforço do chamado governo central – Previdência Social, Tesouro Nacional e Banco Central. Para este setor, haverá uma alta dos atuais R$ 81,8 bilhões para R$ 91,8 bilhões. A mudança entrará em vigor somente após o envio do projeto alterando a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que deve ser aprovado pelo Congresso.

Alta das taxas juro anunciada

O anúncio da nova medida aconteceu um dia antes do início da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decide a partir de terça-feira (3) o futuro da taxa básica de juro (Selic). No entanto, Mantega disse que não tentará força o Banco Central para reduzir a taxa de juro e avisou que somente com a ampliação do superávit haverá possibilidade da redução da Selic, ainda “quando for oportuno segundo o BC”. As centrais sindicais prometeram fazer manifestações em frente ao BC nesta terça e quarta-feiras contra a medida.

“Não cortamos nenhum programa, queremos ampliar o investimento”, disse. Em 2008, o governo utilizou a acréscimo da arrecadação para criar o Fundo Soberano. O aumento da meta visa impedir o aumento de gastos correntes e não atinge programas sociais e prioritários para o governo, como o “Programa de Aceleração do Crescimento” (PAC) e o “Minha Casa Minha Vida”.

Resumo da ópera: as taxas de juro continuarão subindo, com remota possibilidade de se estabilizarem. Enquanto isso, apertar o próprio o cinto para valer o governo federal prefere não pensar no assunto.