Votação sobre destino da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) gera expectativa pessimista na oposição

Teste de corporativismo – Em outro momento político, a votação para se cassar ou não um parlamentar, no caso de Jaqueline Roriz (PMN-DF), seria um evento considerado de grande importância para os anais da Câmara dos Deputados. Está tudo pronto no que se refere aos preparativos para que a votação seja realizada nesta terça-feira (29). A cabine colocada à esquerda da mesa de quem entra no plenário da Casa. O voto é secreto, um dos ingredientes favoráveis à parlamentar do Distrito Federal.

A grande incógnita é se haverá quórum ou não. Em meio a denúncias na esfera ministerial, a organização da pauta com matérias importantes, tais como Emenda 29 (que define o percentual da União a ser aplicado em saúde) e a PEC 300 (que regulamenta o piso salarial de policias no País), dá o tom no que concerne à presença de deputados para se ter quórum necessário. A votação poderá cassar a filha do agora pré-candidato à prefeitura de Luziânia-DF, Joaquim Roriz, político tradicional de Brasília que renunciou para não ser cassado.

A obrigatoriedade de 257 votos, a metade mais um, é fator preponderante. Trata-se de uma grande quantidade de votos, que poderá mudar o destino da parlamentar. Sempre lembrando que o voto é secreto.

O que se percebe é que devido a tantos fatos políticos das últimas semanas, a possibilidade de uma cassação ficou sufocada pelas denúncias e apurações de escândalos de grande magnitude pautadas pela imprensa. A suposta faxina proporcionada pela presidente Dilma Rousseff na Esplanada dos Ministérios, que pelo visto já se encerrou, contribuiu para esfriar um assunto quente.

A reunião entre lideres e o presidente da Câmara Marco Maia (PT-RS) começou há pouco. Conforme o que for definido na pauta de votação será possível ter uma ideia se haverá quórum ou não na sessão.

São fortes as expectativas de que a deputada será absolvida se houver quorum, mas alguns líderes partidários são favoráveis ao relatório do deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), que pede a cassação. O espírito de corpo tenderá a não abrir um precedente que colocará em risco aqueles parlamentares que possam ter cometido irregularidades em campanhas políticas.

“O corporativismo vai ser testado pela primeira vez nesta legislatura”, disse o líder o PSOL, o deputado Chico Alencar (RJ). Essa é uma questão referente à expectativa do deputado. Já a esperança é de que “possamos ter uma surpresa, mesmo considerando que o voto é secreto”.

Já o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) considera que houve uma diminuição do apetite por parte dos parlamentares de cassar Jaqueline Roriz. E ponderou que ela pertence a um chamado grande partido. “No caso do Mensalão, muitos deputados foram absolvidos pelo plenário”, lembrou esperançoso Valente, para justificar uma possível cassação. Apesar de José Dirceu, Roberto Jefferson (réu confesso) e Pedro Corrêa terem sido barrados pelos parlamentares.

A votação está marcada para ter início às 16 horas. A deputada Jaqueline Roriz, que passou os últimos dias abordando o maior número possível de parlamentares, na tentativa de convencê-los a votar contra a cassação, e está confiante na absolvição em plenário. O argumento da defesa é que o objeto do pedido de cassação ocorreu antes de ela ter o mandato de deputada federal. A tal questão da temporalidade. Enquanto o relatório elenca o fato de Jaqueline ter sido flagrada em vídeo recebendo a quantia de R$ 50 mil das mãos de Durval Barbosa, operador do esquema de corrupção no Distrito Federal, dentre outros delitos, e pede a cassação do mandato.