Bombardeio francês – A terceira e última audiência pública para debater a escolha dos 36 caças a serem adquiridos pela Força Aérea Brasileira (FAB) aconteceu nesta quinta-feira (1), na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado Federal. Estiveram presentes, além dos parlamentares, Jean-Louis Montel, vice-presidente de Tecnologia da Dassault Aviation; Jean-Pierre Chabriol, vice-presidente das Vendas Militares da Dassault Aviation; e Jean-Marc Merialdo, diretor da Dassault International do Brasil e representante da Rafale International no Brasil.
O processo de transferência de tecnologia foi o tema focado pelos senadores, durante as três audiências que ouviram representantes da Saab, da Boeing e da Dassault, conforme destacou o presidente da comissão, senador Fernando Collor (PTB-AL). “Este ponto é o primordial”, frisou Collor.
Durante a audiência pública, Merialdo revelou conexão de uma empresa brasileira, que pertence ao grupo francês Thales, especializado em sistemas eletrônicos para a aeronáutica, espaço, defesa, segurança e transporte, além da participação de universidades no processo de transferência tecnológica. Merialdo citou a Omnisys, que produzirá as asas do Rafale, caso a escolha seja pela empresa francesa. A Omnisys está localizada em São Bernardo do Campo (SP). Pertence ao grupo francês Thales, segundo o vice-presidente de vendas militares da Dassault. E já há uma expectativa de que a região do ABCD deverá ter um aumento de 700 postos de trabalho, segundo a direção da Omnisys, segundo reportagem do site Poder Aéreo.
O representante da Dassault informou que as asas do Rafale serão fabricadas no Brasil. “O radar do Rafale terá também desenvolvimento de fabricação realizado em uma empresa de São Bernardo do Campo chamada Omnisys, que já se beneficiou de várias transferências de tecnologia de nossa parte. A transferência da manutenção dos motores do Rafale será total. A nossa parceira, que fabrica os motores, firmou um acordo com a IAS, em Belo Horizonte, para transferir toda manutenção dos motores do Rafale para o Brasil. Também o desenvolvimento de armamentos e equipamentos associados está sendo contemplado dentro da nossa oferta”, contou Merialdo ao longo da audiência.
A Omnizys foi selecionada pelo governo francês para realizar a modernização dos radares de rastreio de alvos das forças armadas do país. A empresa de São Bernardo do Campo estima faturar R$ 65 milhões em 2011.
O executivo francês afirmou que a presença do grupo francês não é recente. “A Thales, por exemplo, abriu seu primeiro escritório no Rio de Janeiro, em 1972. Ela contribuiu para o equipamento de todos os radares do sistema de vigilância aérea do espaço aéreo brasileiro”, disse Merialdo.
A Dassault Aviation forneceu os primeiros aviões Mirage III, sediados na base de Anápolis, em 1973 e, durante mais de 25, 30 anos, esses aviões vigiaram os céus brasileiros. Continuam agora com o Mirage 2000. A Safran, através da filial dela, Turbomeca do Brasil, fabrica motores no Rio de Janeiro desde 1967. Vale lembrar que os mirages são considerados ultrapassados por especialistas.
O representante da Dassault enfatizou que a Embraer terá participação no processo de parceria. “Evidentemente, no nosso projeto, a Embraer será o parceiro de referência. Pela capacitação que ela já tem (…) liderando o conjunto de empresas brasileiras associadas, assumindo, se for o caso, a linha de produção e de montagem, e também montando conosco uma parceria comercial para o continente latino-americano.”
O esforço da fabricante francesa de aviões está centrado na disputa pela compra do governo brasileiro em meio a coincidências, inclusive com parceria de uma empresa nacional de São Bernardo do Campo (SP) entre outras. O arsenal na batalha pela venda dos caças entre as concorrentes é grosso calibre.