Cadeado na porta – Atendendo a um pedido da Advocacia-Geral da União, que cumpriu resolução da Organização das Nações Unidas, a Justiça brasileira determinou o bloqueio da participação acionária do Banco Central da Líbia no banco ABC Brasil e na distribuidora de valores homônima. De acordo com a AGU, o bloqueio dos ativos da família de Muammar Al-Khaddafi e das instituições públicas da Líbia “visa impedir o armamento de forças ligadas ao ditador.
A decisão da Justiça do Brasil não afeta as operações do ABC no Brasil. Apenas que o governo líbio, ainda oficialmente sob o comando de Al-Khaddafi, negocie as ações as ações de ambas as instituições financeiras que detém ou receba lucros e dividendos das empresas.
O banco ABC Brasil é sucessor do ABC-Roma, associação entre o Arabian Banking Corporation, com sede em Bahrein e controlado por Khaddafi, e o grupo fundado pelo finado Roberto Marinho, das Organizações Globo. A parceria entre o ABC e o dono da Vênus Platinada ruiu na esteira do escândalo dos precatórios da prefeitura de São Paulo, operação que causou prejuízo a diversas instituições financeiras, sendo que muitas delas enfrentaram dificuldades.
O Arabian Banking Corporation comprou as ações de Roberto Marinho e assumiu o controle da instituição, que passou a operar com o nome de ABC Brasil. O ABC detém aproximadamente 82% das ações do ABC Brasil, sendo que os 18% restantes pertencem aos executivos da instituição brasileira. O ABC Brasil Banking, o braço financeiro nas Bahamas, em conjunto com o Banco e subsidiárias no Brasil, formam a unidade verde-loura de negócios financeiros.
O ditador MuammarAl-Khaddafi sempre buscou investimentos ao redor do planeta. Na Itália, onde no passado controlava 10% da Fiat, Khaddafi, através de fundos de investimentos, é sócio da Juventus (7,5%), de Turim, através da Libyan Arab Foreign Investment Company.
Sob as ordens expressas do agora foragido ditador, o governo líbio tornou-se o maior acionista (7,582%) do banco Unicredit, um dos maiores da Europa. Fora isso, a Líbia tem participação na petrolífera italiana ENI e na Finmeccanica, grupo aeronáutico e de defesa que é controlado pelo governo italiano.