Mãe do governador de Pernambuco, Ana Arraes está com as mãos na cadeira do TCU

Poule de dez – Uma votação secreta no plenário da Câmara, nos próximos dias, colocará a deputada Ana Arraes (PSB-PE) a trilhar um caminho incensado por fortes correntes políticas rumo ao cargo de ministra do Tribunal de Contas da União (TCU). Nunca antes na história desse País, uma mulher foi ministra do TCU. Trata-se da primeira, coincidentemente, pernambucana a entrar no seleto, bem remunerado e influente clube recheado de ex-parlamentares, geralmente, em fim de carreira. As lideranças indicam nomes para a contenda. Depois da nada transparente e nefasta votação secreta no plenário, o Senado avaliará a indicação e, assim, a mãe do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, galgará o cobiçado cargo de ministra do TCU.

Pela Lei Orgânica do TCU, três dos nove ministros do tribunal são indicados pelo presidente da República. Outros seis, pelo Congresso Nacional, que alternam a indicação entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Com a aposentadoria do ministro Ubiratan Aguiar, será a vez de a Câmara escolher definir o novo nome. As lideranças da Casa devem indicar os nomes para a disputa.

No caso de Ana Arraes, a cada dia há um reforço considerado exponencial. No trabalho de arregimentar mais apoios, figurões se destacam, tais com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), e o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Os seguidores desses líderes trabalharam com afinco para que não haja surpresas ao longo do trâmite do processo de indicação da deputada pernambucana.

Os parlamentares do PSDB estão de olho nas eleições de 2012 e 2014. A costura passa por Minas Gerais na coligação entre PSDB e PSC, no caso de Aécio Neves (PSDB-MG). Em torno da reeleição de Márcio Lacerda na capital mineira.

O que também se especula é uma relação mais próxima entre o deputado Sérgio Guerra com o governador de Pernambuco. Guerra quer sentar-se em uma cadeira do Senado na próxima oportunidade, em 2014. O governador Geraldo Alckmin também parece planejar um namoro profícuo com o PSC para disputar prefeituras do interior de São Paulo.

Com o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que afirma ainda estar no páreo, e o deputado Átila Lins (PMDB-AM), ambos com pouquíssimas chances de emplacar, não há concorrentes que impeça Ana Arraes de ter seu nome elevado ao panteão do TCU. Além do poder político ao qual parlamentares e governadores promovem lobby em busca, principalmente, de desbloqueios de recursos para obras, a ministra usufruirá de, aproximadamente, R$ 25 mil de remuneração, férias de dois meses por ano, carro oficial e cota de passagens aéreas na faixa dos R$ 50 mil anuais. A aposentadoria é compulsória aos 70 anos, contudo a ministra sai da ativa com o salário integral.

A lista de concorrentes pela cadeira de Ubiratan já foi bem mais longa, com três deputados peemedebistas – Átila Lins (AM), Osmar Serraglio (PR) e Fátima Pelaes (AP), além do líder do PTB, Jovair Arantes (GO), Sérgio Carneiro (PT-BA), Damião Feliciano (PDT-PB), Milton Monti (PR-SP), José Rocha (PR-BA) e Sérgio Brito (PSC-BA).

Vale lembrar que Lula amaldiçoava decisões do TCU que apontava irregularidades em obras do governo federal, por conta de irregularidades na maior parte delas referentes a superfaturamento.