Sob encomenda – Na segunda-feira (12), a pergunta que dominou a capital da República era uma só. Quanto custou a entrevista que a presidente Dilma Rousseff concedeu ao dominical Fantástico? Até porque, Dilma tem evitado contato com a imprensa desde que chegou ao Palácio do Planalto. Produzida sob encomenda, a entrevista deixou muito a desejar, o que obrigou outros veículos do grupo comandado pela família Marinho a repercutir a fala de Dilma ao longo do dia. À revista eletrônica da Rede Globo a presidente externou bom humor, algo raro, mas pouco esclareceu aos telespectadores. Para quem tem boa memória, a entrevista de Dilma foi conceitualmente semelhante à concedida por Antonio Palocci Filho também à Globo, dias antes de sua demissão.
Perguntada sobre o “toma lá, dá cá”, esquema de loteamento do governo federal que garante apoio no Congresso Nacional, Dilma disse que isso não existe e que ela montou o seu governo como quis. Na verdade, Dilma, que negou ser refém da chamada base aliada, teve de aceitar uma série de indicações resultantes da aliança política que garantiram a sua eleição em 2010. Fora isso, a presidente foi obrigada a engolir as indicações do antecessor Luiz Inácio da Silva.
Parte de um pacote midiático, a participação de Dilma no Fantástico do último domingo (11) foi precedida por uma entrevista da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ao jornal “O Globo”. Ao matutino carioca a ministra falou sobre a reforma ministerial programada para 2012, ocasião em que serão feitas mudanças na equipe de governo, o que não significa que a presidente trocará nomes ao bel prazer.
A única manifestação de independência de Dilma Rousseff em relação aos partidos da base aliada, por enquanto, foi a ejeção de Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes, pasta que foi alvo de uma enxurrada de denúncias de corrupção. Dias depois que o Partido da República, legenda presidida por Nascimento, anunciou a saída da base de apoio ao Palácio do Planalto, Ideli Salvatti se reuniu com Valdemar Costa Neto, uma espécie de “dono” da agremiação, para negociar a manutenção do apoio, que por questões óbvias continua na informalidade.