Hora da verdade – Cooptado pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) para deflagrar uma intifada no Partido Progressista, o deputado federal Eduardo da Fonte, que protagonizou uma das mais caras campanhas eleitorais da história de Pernambuco, vive um dilema enorme, especialmente porque na condição de segundo vice-presidente da Câmara lhe cabe o direito de capitanear a Corregedoria da Casa.
Eduardo da Fonte, conhecido nas rodas dos negócios como “Dudu”, está empenhado, juntamente com outros companheiros de legenda, como Paulo Salim Maluf (SP) e Esperidião Amin (SC), em assumir o controle do PP. Para tal, Dudu da Fonte parece não se incomodar com a figura do presidente nacional da legenda, senador Francisco Dornelles (RJ).
Uma das ações intentadas pelo grupo rebelde é defenestrar o baiano Mário Negromonte do Ministério das Cidades, cargo que supostamente poderia ser entregue ao senador Ciro Nogueira, que tem um compromisso de campanha com seu primeiro suplente, o milionário empresário piauiense João Claudino, que tem o desejo de ser senador, mesmo que por pouco tempo.
Acontece que Eduardo da Fonte contabilizou um arranhão em seu currículo político. Há dias, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), demitiu, de uma só vez, a diretoria do Instituto de Recursos Humanos (IRH). A degola se deu porque o governador pernambucano descobriu lote de contratos superfaturados, além de um exagerado e inexplicável aumento exagerado nos convênios com hospitais, alguns deles acima de 100%. O diretor-presidente do IRH, Joaquim Felipe, responsabilizado pelas irregularidades, foi indicado pelo deputado Eduardo da Fonte.
Se a transgressão descoberta pelo governador Eduardo Campos não cai bem para quem está corregedor da Câmara dos Deputados, Eduardo da Fonte tem pela frente duas missões espinhosas. Caberá ao deputado e globetrotter da política de Pernambuco decidir o futuro de dois parlamentares. O primeiro deles é o ex-ministro e deputado federal Pedro Novais (PMDB-MA), que usou dinheiro público para pagar durante sete anos o salário de uma empregada doméstica. O segundo é o deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA) – primeiro suplente da coligação maranhense e também um obediente apaniguado de José Sarney – que empregou em seu gabinete o motorista que serviu à esposa de Pedro Novais, em Brasília.
Considerando os últimos acontecimentos e seus pontuais companheiros de rebelião, Eduardo da Fonte, ao arrepio do desejo popular, deve classificar como normais as transgressões cometidas por Pedro Novais e Francisco Escórcio. Certa feita, quando fez um comentário sobre Dudu da Fonte, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva tinha razão.