Eduardo Campos faz apostas e arrisca com a mãe, mas seus passos são um exercício à imaginação

(*) Genésio Araújo Júnior, da Política Real –

A eleição da deputada Ana Arraes (PSB-PE) para o cargo de ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) foi muito mais que uma escolha do Legislativo. Foi uma jogada de um dos poucos políticos que vem se arriscando neste ano de 2011. Num ambiente nervoso em que ainda não se sabe como efetivamente age a presidenta da República, Dilma Rousseff, os políticos exercitam uma prudência que até os que não a têm acabam por achá-la.

Eduardo Campos foi muito mais que o fiador da eleição da sua mãe, filha de Miguel Arraes, para o posto. Não esteve em jogo, em nenhum momento, o papel da Corte de Contas para este milênio. O fato de ser a mulher a assumir o cargo, também.

Campos se arriscou em todos os momentos nesta empreitada. Sua mãe era uma respeitável advogada quando o filho, com receio prudencial de ficar sem mandato na eleição de 2008, que disputava o governo de Pernambuco – colocou-a na disputa para a Câmara Federal. Se ficasse fora do segundo turno daquela eleição teria um gabinete para despachar, enquanto seu amigo Lula da Silva cumpria o segundo mandato de presidente da República.

Deu certo. Ele se elegeu governador, depois a história todos sabem. Ele é o novo vice-rei do Nordeste. Dona Ana, recentemente, se reelegeu deputada federal com larga margem e gerou ciúmes na base do filho, lá em Pernambuco. Ela já tinha tomado gosto.

Eduardo se arriscou e largou uma amizade de 20 anos com Aldo Rebelo. Eduardo se arriscou em colocar política numa eleição de ministro do TCU, conhecida por ser construída com uma intensa dose de prestígio pessoal de cada um dos pretendentes. Dona Ana tem história, mas é uma noviça nas relações dentro da Câmara Federal. Ajudou o fato de 42 % dos deputados federais, nesta legislatura, serem noviços.

Eduardo se arrisca em fazer pontes com o PSDB faltando 3 anos e 9 meses para o fim do mandato de Dilma Rousseff.

Eduardo se arriscou sempre. Ele foi o único governador importante da base de sustentação de Dilma que se colocou contra a criação de uma nova contribuição, CSS, para financiar a saúde. No dia em que sua mãe se elegeu ministra do TCU, colocando mais um pernambucano naquela “Corte”, ele discutiu com outros governadores novas fontes de financiamento da saúde com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).

Os riscos de Campos foram previsíveis? Talvez, mas nada mais fácil do que analisar o jogo jogado para fazer prognósticos. O problema agora é saber o nível dos novos riscos a serem desafiados.

O futuro das políticas do Nordeste, que Dilma ainda não definiu, têm relação direta com os novos desafios de Campos. Bem, agora os riscos são outros.