(*) Carlos Augusto, especial para o ucho.info –
Amamentado por algumas dezenas de votantes governistas camuflados de oposicionistas e vice-versa, o Partido Social Democrático, o PSD do prefeito Gilberto Kassab, movimentou o mundo (e o submundo) político no seu primeiro dia de existência legal. Desde cedo as especulações sobre o tamanho do novo partido ultrapassavam a fronteira do bom senso.
Maior do que muitos e menor do que poucos, mas sempre de portas abertas para a entrada de qualquer político com ou sem mandato (por ser um novo partido não constitui crime eleitoral deixar qualquer sigla pelo PSD) o “bonde do Kassab” levará perto de 50 parlamentares para os seus estribos, todos jactando-se de independentes. Mas a história não é bem essa.
Um dos principais comandantes de organização política no Congresso Nacional, o líder do PR na Câmara dos Deputados, Lincoln Portela (MG), analisa o novo quadro partidário: “O PR dá as boas vindas ao PSD, mas avisa que por enquanto tudo é novidade, porém passageira, e logo tudo voltará à normalidade. A questão maior estará no recesso de fim de ano, quando as luzes (midiáticas) estiverem apagadas”.
Na interpretação do líder do PR na Câmara, o Democratas perdeu muito em número, mas muito pouco em qualidade, porque os novos pessedistas, egressos do DEM, já vinham se recusando a votar contra o governo Dilma, ora simplesmente se ausentando (malandramente) do plenário na hora das votações, ora esperando que elas acontecessem para depois anunciar aos berros: “Senhor presidente (ou senhora) o deputado fulano de tal votou com o seu partido”.
Balela conhecida, sem fundamento, sem nenhum valor regimental para a contagem de votos. Serve apenas para mostrar à base palaciana (deste ou de qualquer outro governo) que o pseudo-oposicionista ou governista zangado já mandou o seu recado clientelista.
Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o astuto líder sindical também conhecido como Paulinho da Força, considera que a entrada do PSD alterará, verdadeiramente, a composição das Comissões Temporárias, aquelas que são criadas no decorrer da legislatura, como as CPIs que assustam qualquer segmento da sociedade.
O governo de Dilma Rousseff, por exemplo, sente arrepios quando se fala em Comissão Parlamentar de Inquérito: “Essa turma palaciana é que tem que se preocupar com o PSD…”, disse o pedetista. Ex-governador do Mato Grosso, Júlio Campos (DEM) compartilha da opinião de Lincoln Portela do PR: “Quase todos, quase todos mesmo, dos que migraram para o PSD não votavam de jeito nenhum contra o governo e ponto final”, arrematou o parlamentar.