Dezenove anos depois, número de mortos no Massacre do Carandiru continua um assunto proibido

Dúvida continua – No último domingo, 2 de outubro, o Massacre do Carandiru completou 19 anos. Em 1992, o então governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho, autorizou a Polícia Militar paulista a invadir o complexo penitenciário do Carandiru, na Zona Norte da cidade de São Paulo, com o objetivo de sufocar uma rebelião de presos, que começou com um abriga no “Pavilhão 9”, considerada a área mais perigosa do finado presídio paulistano.

Sob o comando do coronel Ubiratan Guimarães, 360 policiais militares invadiram o complexo prisional e passaram a atirar a esmo, como forma de intimidar os rebelados e sufocar o movimento. Anos mais tarde, em junho de 2001, o coronel Ubiratan foi condenado, em primeira instância, a 632 anos de prisão por 102 das 111 mortes do massacre (seis anos por cada homicídio e vinte anos por cinco tentativas de homicídio). A setença foi confirmada pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo.

O trágico resultado da operação ganhou as manchetes nacionais e internacionais, não sem antes transformar-se na maior chacina promovida pelo poder público dentro de um presídio. Segundo dados oficiais, 111 presos foram mortos. Fora da alta esfera governamental a realidade sobre o massacre é bem diferente. Anos após o ocorrido, a reportagem do ucho.info entrevistou um agente penitenciário que estava de plantão no Carandiru no dia da invasão da PM. Sob a promessa de sigilo, o nosso entrevistado declarou que os policiais mataram mais de 300 presos, que foram alvejados mesmo depois de rendidos.

De acordo com o agente, os mortos não divulgados eram de outros estados e cujas famílias haviam perdido o contato ou desconheciam o paradeiro. Esses corpos saíram em caminhões de lixo, segundo declarou o ex-servidor do Complexo Penitenciário do Carandiru.