(*) Kamila Pitombeira, do portal Dia do Campo –
A qualidade do solo é essencial para a produção sustentável de alimentos e para o equilíbrio do ecossistema. Por isso, pesquisadores da área especulam que, em um futuro próximo, a certificação ambiental será exigida também dos agricultores. Para estar à frente nessa previsão, a Embrapa Cerrados tem trabalhado em uma pesquisa que busca definir índices de qualidade do solo. Para o agricultor, o benefício seria conseguir provar que realiza um manejo de qualidade do solo, obtendo assim uma ecocertificação e, quem sabe, ser pago pelos serviços ambientais prestados.
Segundo Ieda Mendes, pesquisadora da Embrapa Cerrados, um solo de boa qualidade é aquele não só capaz de promover a produtividade biológica, mas também capaz de prestar importantes serviços ambientais, tais como a ciclagem de nutrientes, a promoção da saúde das plantas e dos animais e toda a parte de serviço ambiental relacionado à qualidade da água.
“A qualidade do solo, em si, é um conceito muito subjetivo. Então, quantificar isso é um desafio grande para todos os pesquisadores da área. Isso porque a qualidade do solo tem a ver com todos os aspectos relacionados à física, química e biologia dele”, diz a pesquisadora.
Ela afirma que nenhum desses parâmetros, isoladamente, é capaz de descrever todos os aspectos relacionados à qualidade. Então, o que os pesquisadores da Embrapa buscam é selecionar, dentro de cada um desses compartimentos, atributos químicos, físicos e biológicos àqueles parâmetros chave que, juntos, podem dar uma indicação de como está a qualidade do solo.
“O objetivo da Embrapa então é selecionar quais indicadores farão parte dos índices de qualidade, determinar diferentes índices de qualidade para os diferentes ecossistemas brasileiros e definir os níveis críticos para cada um desses bioindicadores”, conta.
Ieda ressalta ainda que a qualidade do solo é vital para a produção sustentável de alimentos e fibras, assim como para o equilíbrio do ecossistema e, para ela, em futuro não muito distante toda a parte de certificação ambiental também será cobrada do agricultor.
“A partir do momento no qual o agricultor consegue provar que realmente faz um manejo de qualidade do solo, ele pode obter uma ecocertificação e, quem sabe, em um futuro não muito distante, ser pago pelos serviços ambientais que está prestando”, diz a pesquisadora.
Ela conta que a segunda fase do projeto está prevista para ser concluída em 2013. Nela, a Embrapa pretende já ter selecionado alguns dos indicadores que farão parte dos índices, já ter alguns índices selecionados para os principais agroecossistemas nas diferentes regiões do território nacional e disponibilizar aos agricultores um software online para a determinação da qualidade do solo.