Não há inocentes – Continua causado polêmica a denúncia inominada do deputado Roque Barbiere de que um terço dos parlamentares da Assembleia Legislativa paulista negociam emendas ao orçamento estadual. Sem dar os nomes dos eventuais envolvidos no esquema criminoso, Barbiere acabou conquistando o que mais buscava: sair do ostracismo. Ao afirmar o que muitos sabem ser verdade, mas não têm como provar, o parlamentar coloca sob suspeita a atividade do Legislativo paulista.
A denúncia de Barbiere, que se não for comprovada cairá no descrédito, é assunto exclusivo, pelo menos por enquanto, da Assembleia Legislativa, que tem o dever de apurar os fatos e, se for o caso, punir os culpados. Contudo, causou estranheza no meio político a decisão do governador Geraldo Alckmin de palpitar sobre um assunto que é de outro Poder, que não daquele que está sob sua tutela.
O que Alckmin e os políticos não podem fazer é abusar da indignação, pois negociação de emendas é uma prática comum do Oiapoque ao Chuí. O que não significa que todos os parlamentares fazem isso. Acontece que muitas vezes o viés mercantilista da emenda não está em sua forma conceitual, mas muitas vezes na execução das obras e serviços que contemplam. Obras são contratadas por um determinado preço e condições previamente estabelecidas, mas antes da execução o preço sobe e a qualidade da obra, por exemplo, cai. Eis o pulo do gato.