Muita calma – No feriado da Padroeira do Brasil, 12 de outubro, muitos brasileiros prometem ir às ruas para protestar contra a corrupção, a exemplo do que ocorreu no Dia da Independência, e cobrar do Judiciário uma decisão célere em relação à Lei da Ficha Limpa, cuja validade ainda é questionada no Supremo Tribunal Federal.
Ministro do STF e atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowski defende a imediata aprovação da Lei da Ficha Limpa, que poderia ser aplicada nas eleições municipais de 2012. A aprovação da referida lei não garante que políticos mal intencionados conquistem mandatos eletivos, pois, lamentavelmente, o Estado chegou à trágica situação de só existir à sombra da corrupção. E qualquer mudança nesse sentido não se dará pela Lei da Ficha Limpa, mas através da conscientização popular, uma vez que a urna eleitoral é a ferramenta mais eficaz para barrar políticos criminosos.
Fora isso, os eleitores precisam estar com a atenção voltada para as milionárias campanhas de alguns candidatos, uma vez que ninguém investe fortunas para conquistar um mandato por diletantismo ou patriotismo. Sendo assim, o balcão de negócios que tem dominado a política é fava contada.
No contraponto, concordar com a aprovação da Lei da Ficha Limpa é mandar pelos ares a garantia constitucional da presunção da inocência. Quando a Lei da Ficha Limpa foi à votação no plenário da Câmara dos Deputados, em 2010, os jornalistas do ucho.info alertaram para o perigo iminente que rondava o projeto, já que arguições de inconstitucionalidade seriam inevitáveis.
No caso de ser aprovada no atropelo, como querem alguns, a Lei da Ficha Limpa abrirá precedentes condenatórios que atingiram o cidadão comum, que por questões claras e óbvias acaba empurrado pelo Estado para o mundo do crime. É preciso muita reflexão antes de cobrar a aprovação da Lei da Ficha Limpa, o que não significa que este site defenda políticos transgressores. Até porque, nesses dez anos de existência o ucho.info transformou-se em uma das mais invioláveis trincheiras da cidadania.