PPS protocola representação contra Orlando Silva na PGR e vê tempos de “indecência” do governo federal

Pingos nos is – O PPS protocolou representação contra ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, na Procuradoria Geral da República (PGR) e crê que o governo vive tempos de “indecência”. A expectativa do partido é que a PGR tome alguma medida, baseada no fato de que o esquema de corrupção no programa “Segundo Tempo” já era investigado há três anos. “Mas era um pouco de embargo de gaveta, uma pedra em cima. A influência do governo de não fazer com que essa investigação avançasse. Agora, com o recrudescer da denúncia e, inclusive com a indicação de que existem provas, gravações, não sei se verdadeira, mas de qualquer forma o denunciante primeiro, o soldado Dias, está avisando que tem elementos que comprovam tudo aquilo que ele afirmou a revista. E que afirmou em depoimento até a própria Polícia Federal. Eram depoimentos como esses que estavam na PF, com segredo de Justiça, era uma blindagem também dos órgãos de investigação. Vamos ver se a PGR toca isso e eu acho que é importante”, declarou o presidente do partido, Roberto Freire.

A FIFA atentou para o fato de que poderia ter problemas favoráveis à instituição máxima do futebol mundial na relação com o Brasil, em relação à Copa do Mundo. “Esse ministro, com essa denúncia, é a pessoa menos indicada para estar discutindo com a FIFA, que faz exigências descabidas na questão da Copa do Mundo. Nós precisamos ter outro interlocutor. Ele não tem condições morais de representar o Brasil em qualquer interlocução, seja quem for em relação à Copa do Mundo.”

Segundo Freire, Orlando Silva já não tinha uma postura adequada no trato com a FIFA. “Antes disso tudo, ele já era uma figura que parecia muito mais um estafeta da FIFA do que um ministro de negócios dos Esportes do Brasil. E colocou a Dilma com dificuldade de enfrentar algumas questões, exigências da FIFA que são descabidas com a legislação brasileira. A Dilma, enfraquecida, porque o ministro do Brasil era muito mais representante dos interesses da FIFA, quem sabe, porque junto com Lula se comprometeu com aquilo que não deveria se comprometer.”

“Nunca na história deste país”

Causou espécie a todos a sequência da queda de peças na Esplanada dos Ministérios. “É um fato inédito no mundo democrático e civilizado. Nós não conhecemos na história desse país um fato como o que ocorre no Brasil. Um governo em menos de um ano tem quatro ministros que são derrubados por denúncias de corrupção”, destaca Freire.

Em tempos de disputa por medalhas nos Jogos Pan-Americanos, no México, na opinião de Freire, esse é um recorde que envergonha o Brasil. “Estamos na véspera do quinto. Pelo menos em três semanas, a República não tremeu pelas notícias das revistas semanais. Mas, voltou com um peso até maior do que tinha deixado antes. Com o último dos ministros a cair que foi o ministro de Turismo. Até a bolsa de aposta tinha deixado de computar quem seria o próximo. É um ministro de Esportes na agulha para ser detonado, mas se fala do das Cidades, do Trabalho”, acentua o presidente do PPS.

Ácido na crítica, Freire define o momento do governo petista. “Esse governo, efetivamente, é um governo que ajuda que a gente infelizmente esteja vivendo em tempos de indecência.”

Para o deputado, a postura do governo continua a mesma. “E não adianta vir falar que foi o governo que os demitiu. Nesses quatro (ministros decapitados) o governo tentou blindar o máximo que pode e só caiu quando não podia mais sustentar. E preciso levar em consideração que todos eles foram nomeados e eram da responsabilidade da presidente da República. Não tem que transferir isso para ninguém. Foi ela que os nomeou ministro.”

O presidente do PPS lembrou que no caso da saída do ministro Antônio Palocci Filho, o governo blindou-o e ele não compareceu à Câmara dos Deputados para as devidas explicações. “Mas a partir daí todos acharam que deviam vir. Vieram e se deram muito ‘bem’. Saíram como se fossem de ilibada reputação. Recebendo solidariedade, elogios e pouco tempo depois caíram.”

Oportunidade para denunciantes

A oposição precisou mudar a estratégia com a romaria de ministros que prestaram “esclarecimentos” perante parlamentares. “Agora, o ministro de Esportes já antecipou que está vindo, sem ninguém nem falar que iria chamar. Até porque nós, da oposição, começamos a ver que não tem porque chamá-los. Porque eles vem blindados. Não permitem que se discuta mais seriamente todas as denúncias. Saem enaltecidos como se tivessem feito uma excelente administração como se nada tivesse ocorrido e logo depois caem”, explica.

No caso do ministro do Esporte, “nós da oposição já tomamos outra medida. Vamos convidar para que compareçam à Câmara os autores da denúncia, que é para fazer o contraponto. Não é para o ministro falar e imaginar que não vai ter contraponto daquele que o denunciou como corrupto. Porque a denúncia é muito grave. A denúncia contra ele é de quem participava do esquema. Ou seja, é como se você estourasse a bomba por dentro. Não é denúncia de ninguém de fora. Não é da imprensa. A denúncia é de quem participou de toda a bandidagem. E um segundo tempo, que começou desde o primeiro, com o ministério de Esportes do Agnelo Queiroz.”