Presidente da Comissão de Ética do governo afirma que acusações contra ministro são graves

Defesa prévia – Em reunião durante esta segunda-feira (17), a Comissão de Ética Pública da Presidência da República analisará a denúncia publicada pela revista “Veja” contra o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, de que ele teria recebido dinheiro desviado do “Programa Segundo Tempo”. No programa do Fantástico, exibido na noite de domingo pela “TV Globo”, também apareceram denúncias contra o ministro.

Já o PPS pediu, há pouco, que o Ministério Público investigue a denúncia envolvendo o ministro do Esporte. O partido ingressou com representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo que o órgão abra inquérito para apurar a veracidade da revista, que revela o suposto esquema de corrupção no programa do governo federal criado para incentivar crianças carentes à pratica de atividades esportivas.

O destino de Orlando Silva à frente do Ministério dos Esportes dependerá das explicações prometidas ao Congresso Nacional sobre as denúncias de que teria recebido dinheiro de um beneficiário do programa “Segundo Tempo”, vinculado à pasta. No encontro que teve na noite de domingo com os ministros Gleisi Hoffman, da Casa Civil, e Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, por ordem da presidente Dilma Rousseff, Orlando negou as acusações e disse estar tranquilo para fazer a própria defesa, informou o “G1”.

Segundo fontes do governo, Orlando Silva deve seguir o mesmo ritual cumprido por outros ministros que foram alvo de denúncias: ele deve se defender no Congresso Nacional. Em casos anteriores, Wagner Rossi, da Agricultura, por exemplo, saiu-se bem no Congresso, mas acabou deixando o cargo dias depois. Se for o caso de substituição, o novo titular será do mesmo partido, o PC do B.

O presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, disse que a acusação é “grave”, mas que ainda é preciso ter mais elementos para se chegar a qualquer conclusão. “Talvez a coisa ainda esteja um pouco verde”, disse. Depois de ouvir mais questionamentos sobre o caso, completou. “A acusação de suborno é sempre grave, depende de quem a sustenta”.

Contundo, o ministro Orlando Silva protocolou, nesta segunda, ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, solicitando que Ministério Público investigue as denúncias publicadas na edição desta semana da revista “Veja”. No ofício, o ministro se coloca à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários. As informações foram divulgadas em nota do Ministério do Esporte. Logo mais às 17 horas ele dará uma entrevista para se defender.

Em entrevista ao semanário, o militante do PCdoB (partido ao qual o ministro é filiado) e policial João Dias Ferreira acusou o ministro de envolvimento em um esquema de desvio de recursos do “Programa Segundo Tempo”, que destina verbas públicas a organizações não governamentais para incentivar a prática de esportes entre os jovens.

A reunião da Comissão de Ética começou pela manhã e, apenas na parte da tarde, os conselheiros vão analisar a matéria da revista que traz as denúncias envolvendo Orlando Silva. Perguntado sobre o fato de a comissão ter decidido investigar o ex-ministro da Casa Civil, Antonio Palocci Filho, às vésperas de sua saída do cargo, e não ter divulgado o fato, Pertence respondeu que a decisão é por sempre divulgar as informações, mas que, nesse caso, houve uma divergência interna, de acordo com a “Agência Brasil”.

“A comissão decide sempre que a abertura [de investigação] deveria ser publicada. Houve uma divergência”, disse Sepúlveda. Matéria publicada hoje, pelo jornal “Folha de S. Paulo”, informa que dois procedimentos foram instaurados para investigar Palocci, mas não chegaram ao conhecimento público.