Dilma sufocou o desvio de recursos no Esporte, mas o cérebro do esquema continua funcionando

Cadê o dinheiro das ONGs – A presidente Dilma Rousseff utilizou a estratégia de cortar os pés do esquema de desvio de recursos, não a cabeça, ao não convencer o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., a deixar a pasta. Entenda-se por pés os apaniguados do PCdo B, convidados de forma uníssona a desembarcar do ministério. E a decisão presidencial é insuficiente se considerado o nível de decoro político estimado pelos cidadãos de bem. Em outras palavras, Dilma deixou um bode catinguento na sala, mas a situação poderá se transfigurar ainda nesta segunda-feira (24).

Isso porque um arsenal de 13 gravações, o mesmo número de registro do PT, foi entregue por um delator famoso à Polícia Federal. Trata-se do soldado da Polícia Militar do Distrito Federal, João Dias Ferreira, que nesta tarde presta depoimento na Superintendência da Policia Federal, em Brasília, e colocou à disposição da corporação registros de áudio que comprometem sobremaneira militantes do PCdoB no esquema de desvio de recursos entronizado no programa Segundo Tempo. São denúncias que envolvem mais repasses de recursos às Organizações Não Governamentais (ONGs).

Onde está o dinheiro?

Na opinião do líder do PSDB, senador Alvaro Dias, o mais importante não são as gravações que poderão revelar novas mazelas do Ministério do Esporte, mas o destino dos recursos desviados. “Eu quero saber onde estão os R$ 20 milhões que foram para Santa Catarina. Onde esses recursos estão? Os outros R$ 28 milhões que foram lá para São Paulo, onde foram aplicados?”

O senador paranaense informou que novos requerimentos serão produzidos pela liderança do partido, que serão assinados e protocolados na esteira dos novos acontecimentos. “São requerimentos sobre os últimos fatos”, disse o tucano Alvaro Dias.

“Mr. Teixeira?”

O líder do PSDB informou na tarde desta segunda-feira que convocou o jornalista escocês da BBC de Londres, Andrew Jannings, para prestar esclarecimentos na Comissão de Educação do Senado, às 10h30 de quarta-feira. O jornalista inglês de cabelos brancos é aquele que questionou o “Mr. Texeira” se havia recebido dinheiro por meio da empresa ISL em um episódio que acabou por levar o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, às barras da Justiça brasileira. Segundo o jornalista, foram pagos US$ 100 milhões em propinas pela ISL.

“Sentei em um tribunal suíço em março de 2008 e ouvi um juiz revelar que a ISL havia pago cerca de US$ 100 milhões em subornos para obter os seus contratos. Os repórteres no tribunal ficaram surpresos com o valor. US$ 100 milhões em subornos! Esta seria a maior história de corrupção na história da FIFA – e talvez do esporte mundial”, conta o jornalista em entrevista concedida a deputado Romário, em agosto de 2011.

O jornalista escreveu o livro “Jogo Sujo – O Mundo Secreto da FIFA”, que, segundo Jannings, “são negócios que fariam corar a máfia italiana.”