Contrabando de emendas parlamentares coloca o prefeito de Londrina na mira do MP

Operação esquisita – Prefeito de Londrina, próspera cidade do interior do Paraná, o pedetista Barbosa Neto mais uma vez é alvo de investigações. Flagrado certa feita na “Operação Gafanhoto”, que desvendou um esquema de cobrança de parte do salário de assessores por parte de parlamentares, Barbosa Neto agora está na mira do MP por causa de uma estratégia que já foi batizada como “contrabando de emendas”.

Distante algumas centenas de quilômetros de Londrina, o estado do Rio de Janeiro mantém uma conexão no mínimo estranha com a cidade paranaense. Essa relação quase siamesa se deve ao fato de dois ex-deputados federais do Rio, Leo Vivas (PRB) e Vinícius Carvalho (PTdoB), terem apresentado, em 2010, duas emendas ao Orçamento da União em favor de Londrina. Essa repentina bondade dos outrora deputados fluminenses com os londrinenses pode ser traduzida em números: incríveis R$ 18,5 milhões.

Leo Vivas e Vinícius Carvalho, que tropeçaram nas urnas nas últimas eleições e estão sem mandato, foram os únicos parlamentares fora do Paraná que apresentaram emendas em favor da bela cidade do estado sulista nos últimos quatro anos. O valor pleiteado por Vivas e Carvalho é, de acordo com reportagem do jornal “Gazeta do Povo”, quatro vezes superior ao total de emendas propostas por sete deputados paranaenses no mesmo perío¬¬do (2008-2011) para outros estados.

Nas regras do orçamento da União não há impedimento para esse tipo de ação, podendo o parlamentar destinar recursos a qualquer município brasileiro, mesmo que fora do seu estado de origem. Do total de R$ 13 milhões a que cada parlamentar tinha direito de sugerir ao Orçamento da União de 2011, Leo Vivas destinou 96% (R$ 12,5 milhões) para Londrina, enquanto Vinícius Carvalho separou 46% de sua quota (R$ 6 milhões) à cidade administrada pelo polêmico Barbosa Neto. De acordo com o detalhamento do Orçamento da União, a verba foi alocada para investimentos em saúde pública e manutenção de ruas e avenidas.

O caso foi parar nas raias do Ministério Público Federal porque existe a suspeita de que essa repentina camaradagem tenha proporcionado o pagamento de R$ 925 mil em propinas. A suspeita surgiu após o depoimento de um empresário, flagrado na “Operação Assepsia”, afirmou ter entregado, a mando do ex-chefe de gabinete do prefeito de Londrina, R$ 925 mil ao assessor de um dos dois ex-deputados do Rio.

Por ocasião da disputa pela prefeitura de Londrina, em 2008, a deputada estadual Cidinha Campos, do PDT do Rio de Janeiro, conversou com o ucho.info sobre as denúncias que à época pesavam contra companheiro de legenda Barbosa Neto, acusado de enriquecimento meteórico e de ser dono oculto de uma emissora de rádio. “Prende, denuncia, cassa, põe no pelourinho. Eu odeio corrupto”, disse a indignada Cidinha Campos.