PSD anuncia bancada oficialmente, já supera prefeituras petistas e enfraquece o Democratas

(Foto: Revista Veja)
Casa nova – O Partido Social Democrático (PSD), criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, anuncia na tarde desta quarta-feira (26) a bancada da legenda, com 55 deputados. Nos últimos dias houve nas palavras do líder do PSD, Guilherme Campos (SP), “um recrudescimento” do esforço de outras legendas para segurar parlamentares. O recém-criado PSD busca ultrapassar os tucanos como terceira a maior bancada na Câmara. A legenda já se institui como a maior em número de prefeitos e coloca o PT na quarta colocação. Nas 27 unidades da federação, o PSD filiou entre 656 e 712 prefeitos. Os números variam em razão da possibilidade de novas adesões, mas devem superar em mais de cem o total de 560 prefeituras petistas.

O PMDB e o PSDB são os partidos que dominam o plano municipal. Elegeram, respectivamente, 1.199 e 790 prefeitos em 2008. Como dezenas de trânsfugas são tucanos, é possível até que a sigla de Kassab ultrapasse o PSDB ou fique bem próximo da segunda posição. Até o fechamento desta edição, a grande maioria das direções estaduais do PSD ainda não tinha uma lista fechada com os nomes e a origem partidária dos prefeitos filiados.

Entre os maiores partidos perdedores estão o PSDB, PP, PR, PPS, PMDB e principalmente o Democratas. Em Santa Catarina, todos os 42 prefeitos saíram do Democratas e rumaram com o governador e correligionário Raimundo Colombo para o novo partido. Em Tocantins, liderados pela senadora Kátia Abreu e pelo vice-governador João Oliveira, 15 de 31 prefeitos abandonaram a legenda. Na Bahia, mais da metade dos 40 prefeitos que a sigla tinha acompanharam o vice-governador Otto Alencar, que estava no PP, mas é um dos expoentes do carlismo, grupo do ex-governador, senador e cacique político do Democratas, Antônio Carlos Magalhães, morto em 2007.

O estrago causado pelo PSD rebaixa de vez o partido que já foi considerado o rei dos grotões, com mais de mil prefeituras país adentro. Em 2008, o Democratas já havia sido ultrapassado pelo PT e PP, caindo do terceiro para o quinto lugar no ranking. Agora, deve ser superado por PTB, PR, PDT e até PSB, além, é claro, do PSD, caso as baixas sejam semelhantes aos 39% de perda de bancada que ocorreu na Câmara dos Deputados. Neste caso, ficaria em 10º lugar, com cerca de 300 prefeitos. O número é menos da metade que terá o PSD.

As perdas do Democratas para o novo partido foram em quantidade e importância. Dos cinco municípios entre os cem maiores do país conquistados pelo Democratas em 2008, quatro prefeitos migraram para o PSD: Kassab, de São Paulo; Dárcy Vera, de Ribeirão Preto (SP); Marco Aurélio Bertaiolli, de Mogi das Cruzes (SP); e João Paulo Kleinübing, de Blumenau (SC).

Mas até petistas foram pegos pelo arrastão do PSD nas prefeituras. No Amazonas, onde o governador Omar Aziz comanda a legenda, dois dos seis prefeitos do PT mudaram para a nova sigla: João Braga Dias, de Amaturá, e Raimundo Nonato Souza Martins, de São Paulo de Olivença. “Não estava insatisfeito no PT. Foi um convite do governador, que é parceiro dos prefeitos. Se eu não aceitasse, a oposição é que ficaria com o partido do governador”, conta Martins, que foi a Manaus, distante 982 km de seu município, para tratar da transferência com Omar Aziz.

Não à toa, o Amazonas está entre os Estados campeões, em termos proporcionais, de filiação de prefeitos. São 17 em um total de 62 municípios (27%). Fica atrás de Mato Grosso (35%) e Ceará (29%).

Curiosamente, no espaço político de Gilberto Kassab, o desempenho é um dos piores: dos 645 prefeitos de São Paulo, no máximo 30 (4%) devem migrar para a sigla do colega da capital. Apenas Rio Grande do Sul (1%) e Mato Grosso do Sul, que não filiaram qualquer prefeito, tiveram menos adesões.

Na avaliação da direção do PSD, o principal fator que atrapalhou a formação do partido no Estado teria sido uma pressão intensa do governador Geraldo Alckmin. A barreira se refletiu também no número de deputados estaduais: apenas dois em 94 (2%), pior resultado depois de Espírito Santo e, mais uma vez, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul.

Além da metrópole paulista, o PSD não conquistou nenhuma capital de Estado. O único que estava a caminho, Cícero Almeida (PP), de Maceió, desistiu. Um bom retrato do perfil dos municípios do PSD está no Rio de Janeiro, onde os sete prefeitos são de cidades pequenas: Cambuci, Carmo, Japeri, Mangaratiba, Natividade, Rio Claro e Sapucaia – todas com menos de 50 mil habitantes, à exceção de Japeri, que tem 95.492.

O foco do partido foram prefeitos que têm direito à reeleição. Eles representam de 70% a 80%, de acordo com o levantamento feito pelo Valor. A meta, segundo o secretário-geral, Saulo Queiroz, é lançar cerca de 1.200 candidatos a prefeito e eleger metade deles.

O PSD surpreende o espectro político e ganha amplitude nacional. Seis meses foram suficientes para a legenda se desenvolver, organizando-se em 4.608 municípios, quase 83% do total, seja por diretórios ou comissões provisórias. Legendas que demoraram décadas para se consolidar no nível nacional assistem ao crescimento do PSD. O PMDB e o PT lideram neste quesito e estão em mais de 95% dos municípios brasileiros. PSDB e PP estão presentes em cerca de 90%. O PSD ficaria em sexto, atrás do Democratas, mas já pode estar em quinto, devido ao efeito aniquilador que provocou no número de parlamentares democratas.

Em 2001, um ano antes de conquistar a Presidência da República e de tê-la disputado por três vezes, o PT estava em 72% dos municípios brasileiros e reunia 187 prefeitos. Paulo Frateschi, secretário nacional de Organização do PT, diz não se surpreender com o fato de sua legenda ser superada pelo PSD em número de prefeituras.

“O PT faz muitas exigências, não permite coligar com este ou com aquele partido. E os prefeitos, na maioria das vezes, preferem ter mais liberdade. No último Congresso, por exemplo, decidimos que o município onde há comissão provisória não poderá participar da disputa municipal no ano que vem. Forçamos que haja eleição interna [para formação de diretório]. O PT, para o bem e para o mal, tem um regimentalismo, com muita vigilância e discussão. Por isso, cresce sempre, mas lentamente”, diz Frateschi. Com informações do Valor online.

Abaixo a bancada oficial do PSD na Câmara dos Deputados

ALAGOAS
João Lira

AMAZONAS
Átila Lins
Carlos Souza
Silas Câmara

BAHIA
Edson Pimenta
Fernando Torres
José Carlos Araújo
José Nunes
Paulo Magalhães
Sérgio Brito

CEARÁ
Manuel Salviano

GOIÁS
Armando Vergílio
Heuler Cruvinel
Thiago Peixoto
Vilmar Rocha

MARANHÃO
Helio Santos
Nice Lobão

MINAS GERAIS
Ademir Camilo
Alexandre Silveira
Diego Andrade
Geraldo Thadeu
Marcos Montes
Walter Tosta

MATO GROSSO
Eliene Lima
Homero Pereira
Roberto Dorner

PIAUÍ
Hugo Napoleão
Julio César

PARANÁ
Eduardo Sciarra
Reinhold Stephanes

RIO DE JANEIRO
Arolde de Oliveira
Doutor Paulo César
Felipe Burnier
Lilian Sá
Sergio Zveiter

RIO GRANDE DO NORTE
Fábio Faria

RONDÔNIA
Moreira Mendes

RORAIMA
Berinho Bantim
Raul Lima
Francisco Araújo

RIO GRANDE DO SUL
Danrlei de Deus

SANTA CATARINA
João Rodrigues
Jorge Boeira
Onofre Santo Agostini
Paulo Bornhausen

SÃO PAULO
Guilherme Campos
Guilherme Mussi
Junji Abe
Marcelo Aguiar
Ricardo Izar
Roberto Santiago
Eleuses Paiva
Walter Ihoshi

TOCANTINS
César Halum
Irajá Abreu