Indicação do substituto de Orlando Silva pode estar na dependência da aprovação do messiânico Lula

Radiografia do possível – A indecisão e o mistério que marcam a indicação de um nome para substituir o comunista Orlando Silva Jr., ainda ministro do Esporte, passa obrigatoriamente pelo crivo de Luiz Inácio da Silva e o seu desejo de retornar ao Palácio do Planalto em janeiro de 2015. Quando o escândalo envolvendo o Programa Segundo Tempo veio à tona, Lula telefonou a Orlando Silva, a quem pediu que resistisse às pressões. Mesmo sem nenhuma prova contundente contra o ministro, mas apenas e tão somente pelo conjunto molambento da obra, o ex-metalúrgico mudou de opinião e disse, em Manaus, à presidente Dilma Rousseff, que a crise no Ministério do Esporte estava aberta. Ou seja, Lula atirou aos leões aquele que durante anos lhe serviu com obediência.

Orlando Silva era uma espécie de elo de Lula da Silva com a FIFA e a CBF, sem que o ex-presidente precisasse aparecer oficialmente na cena. Para quem não sabe, Lula é conselheiro vitalício do Sport Club Corinthians Paulista, cujo presidente, Andrés Sanchez, filiou-se ao PT a pedido do mais ilustre dos torcedores do alvinegro paulistano. Não por acaso, Sanchez disse, não faz muito tempo, que não descarta a possibilidade de presidir a CBF, entidade máxima do futebol verde-louro. E a escolha da cidade de São Paulo para sediar o jogo de abertura da Copa do Mundo não foi obra do acaso.

De olho na eleição presidencial de 2014, mesmo que publicamente negue seu desejo de se candidatar, Lula já articula nos bastidores, com a devida antecedência, seu retorno ao comando do País. Esse projeto político explica o seu empenho para emplacar o ministro Fernando Haddad, da Educação, como candidato do PT à prefeitura de São Paulo em 2012. Com Haddad prefeito e a abertura da Copa acontecendo na capital dos paulistas, Luiz Inácio da Silva sedimenta de uma vez o caminho rumo à capital federal, sem contar que elimina qualquer concorrência.

A ingerência de Lula na escolha de alguém de sua confiança para substituir Orlando Silva fica claro nos ensaios que surgiram nas últimas horas, reforçada pelas informações desencontradas publicadas na imprensa, que ora anunciava a inevitável saída do ministro, ora noticiava que o mesmo ainda não havia pedido demissão. A essa altura pouco importa quem dará o furo de reportagem sobre o novo ministro do Esporte, mas, sim, o que há por trás de toda essa manobra que tem assustado inclusive alguns velhos e conhecidos integrantes do PC do B.

O mais novo nome que surgiu na bateia das especulações é o do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que recentemente se filiou ao neonato Partido Social Democrático, o PSD de Gilberto Kassab, e transferiu o título eleitoral para a capital paulista. A eventual chegada de Meirelles no Ministério do Esporte é algo que Lula pode considerar um tiro matando dois coelhos. Competente, Henrique Meirelles é pessoa da confiança de Lula e, se indicado ao cargo, é um concorrente a menos para atrapalhar o projeto lulista de eleger Fernando Haddad.

Esse enxadrismo que reina nos bastidores do poder explica a declaração de Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, que disse que o Ministério do Esporte pode ser comandado interinamente pelo secretário-executivo. A tendência, segundo Gilberto Carvalho, é a pasta continuar com o PC do B, mas isso não sugere exclusividade. No contraponto, um nome da confiança de Lula também pode ser pinçado na legenda.

Apelando à sabedoria popular, tem mais de um boi nessa história e lobo não engole lobo porque engasga com o pelo. E PT saudações, porque Lula não está parado.