Deputado ameaçado por milícias sai do Rio, mas legista que denunciou corrupção continua foragido

Saindo à francesa – Deputado estadual pelo PSol do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo deixará o Brasil na terça-feira (1) em companhia da família. Freixo, que seguirá para a Europa, não está rumando para o Velho Mundo em viagem de férias, mas porque está ameaçado de morte por milicianos que dominam perto de trezentas áreas em todo o estado do Rio de Janeiro.

Presidente da CPI das Milícias, que teve lugar na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro em 2008, Marcelo Freixo foi informado recentemente que sua morte fora encomendada por R$ 400 mil. Diante da inoperância das autoridades de segurança do Rio, que não avançam nas investigações, o parlamentar decidiu aceitar a oferta da Anistia Internacional.

Por ocasião dos Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007, o profético Luiz Inácio da Silva afirmou, sem medo de errar, que, encerrado o evento esportivo, os moradores da capital fluminense teriam à disposição o melhor e mais eficiente sistema de segurança pública do País. Como sempre aconteceu durante os oito anos em que esteve no Palácio do Planalto, Lula contou com a claque comandada pelo governador fanfarrão Sérgio Cabral Filho (PMDB).

Como o palavrório de Lula não saiu da seara da promessa, Sérgio Cabral decidiu lançar, com o foguetório de sempre, o projeto batizado de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). E esse balão de ensaio do setor de segurança pública transformou-se em uma das tantas armas eleitorais de Dilma Vana Rousseff durante a corrida presidencial de 2010. Contudo, nas áreas dominadas pelas milícias o Estado vergonhosamente não consegue instalar uma UPP sequer. O que mostra que Sérgio Cabral Filho é uma majestosa ode à incompetência.

Diante da falência novamente comprovada do Estado, Marcelo Freixo não teve outra opção que não a de deixar a sua terra natal, como forma de acalmar a própria família e reorganizar a sua segurança pessoal. Enquanto Freixo conseguiu uma maneira de se afastar temporariamente daqueles que o ameaçam, o médico-legista Daniel Ponte, que denunciou um esquema de corrupção no Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro, continua vagando pelo País em companhia da mãe, uma senhora de 80 anos. Ponte apelou ao governador Cabral Filho e a diversas autoridades internacionais, mas não foi ouvido.

Um dos mais experientes policiais fluminenses e delegado com todas as letras, Alexandre Neto, que endossou sem recuos as denúncias de Daniel Ponte, também foi ameaçado pelos próprios colegas de corporação. Certa feita, ao deixar o prédio onde mora, na Zona Sul do Rio de Janeiro, Alexandre Neto, alvo de uma emboscada, foi duramente metralhado, mas por obra do Criador acabou sobrevivendo.