Ministro da Educação tenta evitar cancelamento do Enem para poupar o governo de mais uma polêmica

Jeitinho brasileiro – No final da tarde desta quinta-feira (3), o ministro da Educação, Fernando Haddad, participará de audiência, em Recife, com o desembargador Luiz Alberto Gurgel do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5). Na ocasião, Haddad apresentará recurso do Ministério da Educação, preparado pela Advocacia-Geral da União, contra a decisão da Justiça Federal do Ceará de cancelar treze questões do Enem, após constatação de que as mesmas foram antecipadas por uma escola de Fortaleza.

Para sustentar a tese de que as tais questões devem ser canceladas apenas nas provas dos 639 alunos do Colégio Christus, Haddad manterá o discurso de vazamento. Insistir na teoria de que pessoas inescrupulosas fizeram uso de informações supostamente privilegiadas é querer desdenhar da capacidade de raciocínio da massa pensante nacional. O que ocorreu foi um desleixo do Ministério da Educação, que meses antes utilizou as mesmas questões em um teste para avaliar o grau de dificuldade do Enem. Se as apostilas da mencionada avaliação não foram recolhidas após a aplicação, era de esperar que seriam utilizadas em aulas preparatórias, como acontece há décadas no País.

Acusado pelo Ministério da Educação de ser o foco do vazamento, o Colégio Christus alega que “como há o pré-teste de questões utilizadas no Enem, existe a possibilidade de que essas questões caiam no domínio público antes da realização oficial do exame, as quais eventualmente podem compor o banco de dados de professores e de outros profissionais da área de educação”.

Considerando que a rede mundial de computadores derrubou, há muito, as barreiras da comunicação, o mais correto seria empunhar a bandeira da isonomia e cancelar a prova do Enem no âmbito nacional e marcar outra data para novo teste. Carregada de lógica, pois as polêmicas questões podem ter beneficiado estudantes de outras partes do País, a decisão de anular o Enem não será tomada porque representa prejuízo político para o governo de Dilma Rousseff e também para a candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo.