Especialista defende pagamento por serviços ambientais, porque não há crescimento sem impacto

(*) Kamila Pitombeira, do Portal Dia do Campo –

Quando o assunto é a economia verde como modelo sustentável, as opiniões se divergem. Para Ademar Romeiro, economista da Unicamp, membro do Núcleo de Economia Agrícola e Meio Ambiente e um dos palestrantes do Fórum Produção, Conservação e Lucratividade, o crescimento econômico implica sempre em algum impacto no meio ambiente. No entanto, existem formas de minimizar esse impacto e é para isso que os produtores devem atentar.

Por outro lado, tecnologias e projetos que visam produzir com sustentabilidade podem ser menos lucrativos e até causar prejuízos ao produtor. Por isso, muitos especialistas defendem o pagamento por serviços ambientais, visto que seria um reconhecimento do serviço prestado a toda a sociedade.

“Não existe a possibilidade de continuar crescendo sem algum impacto. O que se pretende com a economia verde é possibilitar que os países pobres ou emergentes que precisam crescer possam fazê-lo de maneira menos impactante. É possível fazer isso, pois existem opções tecnológicas que reduzem a quantidade de emissões de resíduos por unidade de produto”, afirma o economista.

Para ele, o sistema agrossilvipastoril, por exemplo, é importante dentro do conceito economia verde. Em primeiro lugar porque se trata de um setor que produz matérias-primas e alimentos de maneira renovável.

“O petróleo, matéria-prima não renovável, ao ser queimado ou usado, provoca um grande impacto, seja em termos de aquecimento global, seja em termos de produtos poluentes jogados ao meio ambiente. Então, a substituição de matérias-primas não renováveis por renováveis implica no menor impacto ambiental.

Em segundo lugar, Romeiro diz que a produção dos renováveis tem que ser sustentável, ou seja, deve continuar sendo renovável. De acordo com ele, ao realizar uma produção vegetal ou animal sustentável, não só possível conservar o ambiente agrícola em longo prazo, mas também produzir serviços ecossistêmicos que beneficiam a todos.

O economista fala também sobre o princípio de precaução e prevenção, princípios estes que têm como objetivo mensurar o risco ambiental de determinado projeto, permitindo assim que o produtor tome as medidas preventivas necessárias ou ainda prevenir o avanço de determinado projeto em situações de risco.

“Existe um risco ambiental que pode ser mensurado probabilisticamente. Nesse caso, não é preciso falar em precaução porque é possível tomar medidas de prevenção e não de precaução. O termo precaução, que deu origem ao princípio da precaução, se refere a situações de risco onde não é possível estimar probabilisticamente a gravidade do risco. Nesse caso, o princípio da precaução diz que é necessário não avançar”, conta.

Quando o assunto é o pagamento por serviços ambientais, Romeiro tem opinião definida. Para ele, esse é um importante instrumento econômico de política ambiental porque um agricultor que cumpre as regras de uma agricultura sustentável pode ter certos custos extras que deveriam ser arcados, em parte, pela sociedade.