Ministro do Trabalho, Carlos Lupi tentará convencer correligionários de que é “osso duro de roer”

Raposa fiscalizando galinheiro – O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, convocou para terça-feira (8) uma reunião com parlamentares do PDT com o objetivo de explicar as denúncias de irregularidades em convênios firmados pela pasta com ONGs (organizações não governamentais). Pode ser uma atitude inócua. Lupi anunciou uma auditoria interna para apurar irregularidades, sendo que deputados e senadores do próprio partido levarão à Procuradoria-Geral da República pedido para que o STF investigue os fatos.

A presidente Dilma Rousseff teme que haja um novo desgaste no governo e, caso siga o script, determinará que Lupi se responsabilize pela apuração de suposto esquema de cobrança de propinas.

Processo preliminar

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu abrir um processo preliminar contra o ministro do Trabalho. O procedimento aberto pela Comissão de Ética, que se reuniu na tarde desta segunda-feira (7) no Palácio do Planalto, é um primeiro passo e não significa que o ministro está sendo formalmente investigado. Ele terá de apresentar explicações por escrito à comissão, que, a partir de então, decidirá se abre investigação a respeito do caso.

O mesmo procedimento aconteceu em relação ao ex-ministro Orlando Silva (Esporte). Após denúncias publicadas na imprensa, a comissão pediu explicações ao comunista. Segundo o presidente da Comissão de Ética, Sepúlveda Pertence, as informações foram enviadas, mas a comissão ainda espera outros dados que não foram detalhados para decidir que tipo de procedimento tomará.

Outros

Na reunião desta segunda, a comissão também decidiu aplicar a punição de “censura ética” ao ex-ministro Antonio Palocci Filho (Casa Civil), que saiu do cargo em junho. Na prática, a censura ética não implica em nenhuma restrição para que Palocci assuma novamente um cargo público.

Envolvido em potencial conflito de interesse entre suas funções na Casa Civil e a atividade de consultor privado, que exerceu até 2010, Palocci foi censurado pelo fato de um apartamento alugado por ele em São Paulo estar em nome de uma empresa registrada em nome de “laranja”.

O deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), considera um “erro” a iniciativa dos colegas de partido, que tem à frente Miro Teixeira (RJ). “Eu acho errada a posição do Miro, não precisaria pedir para a PGR já que Lupi já pediu à Policia Federal que investigue. Acho que não é um bom negócio”, afirmou. Por sua vez, Miro Teixeira disse que “faz o seu dever” ao acionar a Procuradoria.

Reunido com sua equipe, o ministro analisava na tarde desta segunda-feira conceder entrevista coletiva à imprensa para falar sobre as denúncias. O ministro participou de reunião no Palácio do Planalto e tentava falar com a presidente sobre as denúncias até há pouco. Segundo a assessoria palaciana, não havia confirmação de que Dilma conversaria com Lupi ainda hoje.